"Condeno veementemente as recentes medidas tomadas pelos militares e peço a todos para enviarem coletivamente um sinal claro em favor da democracia em Myanmar", disse a diplomata aos 93 membros da Assembleia Geral ONU, numa comunicação por vídeo endereçada à sessão especial sobre aquele país.
"O uso de força letal e o aumento das mortes (são) inaceitáveis", disse Burgener, no seu apelo à comunidade internacional.
"As ações do exército não são justificáveis e devemos continuar a pedir a reversão desta situação inadmissível, esgotando todos os canais coletivos e bilaterais para devolver Myanmar ao caminho da reforma democrática", acrescentou a enviada da ONU.
Burgener confirmou que o seu desejo de visitar Myanmar foi até agora impedido pela junta militar, reafirmando que a sua deslocação deve ser feita na condição de que possa encontrar-se com os líderes políticos detidos, incluindo Aung San Suu Kyi.
"Infelizmente, até agora, o regime atual pediu-me para adiar qualquer visita. Parece que querem continuar fazendo detenções em grande escala", lamentou a diplomata.
"É cruel e desumano. (...) Se houver uma escalada em termos de brutalidade militar - e infelizmente já vimos isso em Myanmar - contra pessoas que exercem os seus direitos fundamentais, vamos agir rápida e coletivamente", exigiu a enviada da ONU.
Os militares justificam o golpe de estado alegando fraude eleitoral cometida nas eleições legislativas de novembro passado, nas quais a Liga Nacional para a Democracia, partido de Suu Kyi, venceu por esmagadora maioria.
Tanto os observadores internacionais como a comissão eleitoral deposta pela junta militar após a tomada do poder, negaram a existência de irregularidades, apesar da insistência de alguns comandantes do Exército, cujo partido detém 25% dos lugares no Parlamento.
A comunidade internacional tem anunciado sanções contra os líderes do golpe militar, incluindo o general Min Aung Hlaing, presidente do Conselho Administrativo de Estado e autoridade máxima em Myanmar.
Na quinta-feira, a rede social Facebook bloqueou todos os perfis relacionados com o novo regime em Myanmar, incluindo os do Governo e dos meios de comunicação agora controlados pela junta militar, devido ao "grave registo de violações dos direitos humanos cometidas pelo Exército e o óbvio risco de incidentes violentos incitados pelos militares".