Oposição na Somália adia protesto após pedido de desculpa do Presidente
Os candidatos presidenciais da oposição na Somália adiaram o protesto planeado para hoje, por causa do atraso das eleições, depois de o Governo ter pedido desculpa pelas suas ações durante os protestos da semana passada.
© Reuters
Mundo Somália
Na semana passada, as forças de segurança dispararam sobre os manifestantes na capital, Mogadíscio, fazendo pelo menos cinco mortos, e os receios de que aumentasse a violência levaram a conversações esta semana entre o Governo e uma aliança de líderes da oposição.
As conversações entre as duas partes foram mediadas por anciãos locais e pela comunidade internacional.
Na quinta-feira, forças somalis foram destacadas para muitos pontos estratégicos da capital.
Num comunicado, o Governo da Somália expressou condolências às famílias das pessoas que foram mortas, na semana passada, durante os protestos.
Pelo menos cinco pessoas morreram e cerca de 12 ficaram feridas durante a intervenção das forças de segurança sobre os manifestantes, de acordo informações oficiais da área da saúde.
A aliança da oposição concordou em adiar, por dez dias, o protesto marcado para hoje.
A pressão sobre o Presidente, Mohamed Abdullahi Mohamed, está a aumentar, depois de ter passado o dia previsto para a realização das eleições, 8 de fevereiro, sem que tivesse havido um acordo sobre a forma se realizar a votação. Dois estados regionais disseram que não participariam sem um acordo.
O presidente da aliança da oposição, Sharif Sheikh Ahmed, ex-Presidente do país, expressou a sua satisfação relativamente ao comunicado do Governo.
"Tudo o que precisávamos era de assegurar os nossos direitos de manifestação e de realização de eleições livres e justas", afirmou, acrescentando que a "covid-19 não deve ser utilizada como pretexto para se negar os direitos do povo", numa alusão à recente proibição de reuniões públicas decretada pelo Governo devido à pandemia.
Alguns críticos alegaram que a proibição tinha uma motivação política.
O primeiro-ministro, Mohamed Hussein Roble, confirmou, em comunicado, que "é um direito constitucional de cada cidadão eleger ou ser eleito e exprimir-se livremente e de forma pacífica".
O Presidente, no comunicado de hoje, elogiou "todos os lados" por terem chegado a um acordo e apelou ao povo somali para que desempenhe o seu papel para umas eleições seguras, justas e livres.
Em 19 de fevereiro, pelo menos cinco soldados morreram e outras 12 pessoas, a maioria civis, ficaram feridas num protesto pacífico contra o atraso das eleições no país e que foi reprimido pelas forças de segurança, segundo uma fonte médica.
Os opositores acusam o Presidente, que se candidata a um segundo mandato, de não implementar um acordo, alcançado em setembro, sobre o modelo das eleições legislativas e presidenciais.
O país manteve um sistema indireto, baseado em clãs, apesar da promessa do Presidente em realizar as primeiras eleições por sufrágio universal desde 1969.
Desde 1991 que a Somália vive num estado de guerra e caos, depois de o autocrata Mohamed Siad Barre ter sido deposto, deixando o país sem Governo e nas mãos de milícias islâmicas e de senhores da guerra.
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