Numa nota enviada à agência Lusa, Arno Pronk, porta-voz da BAM Alliance, o consórcio de empresas responsáveis pela obra, adianta que as negociações com o governo belga (que é responsável pelo contrato e indiretamente representa a Aliança Atlântica) se devem "a vários imprevistos", como novas "exigências de segurança" por parte da NATO, que fizeram aumentar o valor original celebrado em 2010, de 460 milhões de euros.
O responsável diz que desse aumento de custos estavam a resultar perdas para o consórcio e que "no final de 2013 foi apresentada uma reclamação ao cliente", havendo desde então um processo de negociação que, refere, decorre "num ambiente construtivo".
No final de janeiro, a revista alemã Der Spiegel noticiou, citando documentos internos, que a BAM Alliance enfrenta dificuldades económicas sérias, correndo o risco de entrar em insolvência, e precisa de mais 245 milhões de euros para terminar o novo quartel-general, cujo prazo pode arrastar-se mais dez meses, provavelmente para 2017, já que a última data oficial é 2016.
Caso os Estados-membros da NATO aceitem o novo montante, o teto de mil milhões de euros definido para o quartel-general irá ser ultrapassado.
O porta-voz do consórcio não quis referir à Lusa qualquer montante, visto que "as negociações ainda decorrem", sublinhando que a BAM cumprirá as suas obrigações financeiras e que as obras continuam em curso.
Já um oficial da NATO referiu à Lusa a propósito deste processo que as contribuições dos países aliados para a organização provêm dos seus orçamentos nacionais através de um "pedido de fundos", com modalidades específicas para cada projeto, e que o calendário de pagamentos dos Estados-membros não é público.
Na semana passada, na sua habitual conferência de imprensa mensal, o secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, disse ter sido informado em dezembro pelas autoridades belgas sobre o assunto e considerou que este é um tema que deve merecer a preocupação de todos os envolvidos.
O dinamarquês não quis adiantar dados mais precisos sobre o caso, alegando que decorre "uma dura negociação comercial", mas garantiu que os aliados continuam empenhados em concluir este projeto.
A construção do novo quartel-general foi decidida em 1999 pelos líderes da Aliança Atlântica, mas mesmo antes do início da obra, em dezembro de 2010, o ano para a sua conclusão, 2012, foi diversas vezes prorrogado, estando agora prevista a sua entrega, segundo a NATO, para o início de 2016.
A nova sede, imponente e feita de ferro e vidro, está a ser construída na comuna de Evere, à saída de Bruxelas, em frente ao atual quartel-general, um edifício do tempo da Guerra Fria, que é a casa dos países aliados desde 1967.