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Dirigente da oposição bielorrussa pede a Putin para "escutar o povo"

A dirigente da oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tikhanovskaia, apelou hoje aos dirigentes russos a "escutarem o povo" que protesta contra a detenção do opositor Alexei Navalny, em declarações à agência noticiosa AFP.

Dirigente da oposição bielorrussa pede a Putin para "escutar o povo"
Notícias ao Minuto

16:46 - 04/02/21 por Lusa

Mundo Rússia

Tikhanovskaia, cujo marido foi detido na Bielorrússia em 2020 após ter tentado concorrer às eleições presidenciais, estabeleceu um paralelo entre a sua situação e de Yulia, a mulher de Navanly.

"Quando prendem os nossos maridos pela sua campanha [eleitoral], pelo seu desejo de melhorar a vida nos nossos países, nós, as suas mulheres, apenas podemos substituí-los como pudermos", declarou.

Na sua perspetiva, os dirigentes russos "deveriam antes de tudo escutar o povo, as suas reivindicações, descobrir o que não está bem e tentar resolver o problema de forma civilizada, sem bastões nem pistolas paralisantes".

A detenção de Navalny, o principal opositor de Vladimir Putin que acusou o Presidente russo de corrupção, motivou uma vaga de manifestações na Rússia que foram duramente reprimidas.

Putin é um aliado próximo do dirigente autoritário bielorrusso Alexander Lukashenko, reeleito pela sexta vez num escrutínio que a União Europeia considerou ilegítimo.

Candidata da oposição, Tikhanovskaia refugiou-se na vizinha Lituânia.

Ao pronunciar-se cerca de seis meses após o início das manifestações no seu país, Tikhanovskaia considerou que o sistema político bielorrusso "tremeu".

"O regime vai afundar-se por dentro", disse, sublinhando que um crescente número de responsáveis das forças de segurança divulga informações sobre presumíveis violações dos direitos humanos pela polícia.

"Não acontecerá por magia. Os bielorrussos devem fazê-lo etapa por etapa, manter constantemente a pressão ... É a única forma".

Reiterou ainda os seus apelos a sanções suplementares "pesadas e de grande envergadura" da UE, afirmando que as sanções existentes foram "muito limitadas e isso desiludiu numerosos bielorrussos".

Tikhanovskaia e a sua equipa estabeleceram uma base de dados pública em linha para registar eventuais violações dos direitos humanos pelas autoridades bielorrussas que, como espera, acabem por motivar processos judiciais.

A Lituânia já abriu um inquérito sobre o princípio de competência universal, e a opositora aguarda que outros países sigam o exemplo.

Apelou ainda a novas eleições na Bielorrússia e às quais Lukashenko, no poder desde 1994, não seria autorizado a apresentar-se.

O dirigente bielorrusso já excluiu um novo escrutínio.

A opositora, 38 anos e com dois filhos, excluiu de início apresentar-se a uma nova eleição, mas hoje não se opõe a essa possibilidade.

"Se precisarem de mim neste momento, se for útil aos bielorrussos (...), então certamente que estarei lá", declarou.

"Mas se vir que tudo começa a ficar em boas mãos... regressarei à vida normal, de consciência tranquila, com os meus filhos e o meu marido".

O seu marido Serguei, um conhecido bloguista de 42 anos, permanece na prisão acusado de ter fomentado "distúrbios da ordem pública". O casal apenas pode comunicar por intermédio de um advogado.

"Não podemos telefonar, nem nos ver, apenas enviamos cartas que são entregues pelo advogado. Já passaram oito meses, claro que está cansado... Mas tem confiança nos bielorrussos e tem confiança em mim", disse ainda.

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