Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano denunciou o acordo firmado entre kosovares e israelitas e o anúncio da abertura da representação diplomática na Cidade Santa (considerada assim por judeus, muçulmanos e cristãos), afirmando que tal decisão mostra que o Kosovo "ignora o Direito Internacional".
Para a diplomacia palestiniana, esta resolução representa um retrocesso na tentativa do Governo kosovar de obter um reconhecimento internacional.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano expressou ainda "deceção" pela decisão de Pristina.
Na segunda-feira, o Kosovo, território de maioria muçulmana, normalizou as relações diplomáticas com Israel e anunciou, através da ministra dos Negócios Estrangeiros, Meliza Haradinaj-Stublla, a abertura da sua embaixada na cidade disputada de Jerusalém.
A decisão, formalizada numa cerimónia virtual, surge na sequência de um acordo firmado em Washington em 04 de setembro com o então Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre a normalização das relações económicas entre Belgrado e Pristina, na presença do primeiro-ministro do Kosovo, Avdullah Hoti, e do chefe de Estado sérvio, Aleksandar Vucic.
Na ocasião, Trump anunciou como contrapartida que o Kosovo e Israel iriam estabelecer relações diplomáticas e que os israelitas iam reconhecer o território kosovar como um Estado independente.
Ao concretizar-se a abertura da embaixada em Jerusalém, prevista para o final de março, o Kosovo junta-se aos Estados Unidos da América (EUA) e à Guatemala, os únicos países que avançaram até à data com tal decisão.
Outros países, como as Honduras e a Hungria, têm delegações com estatuto diplomático na Cidade Santa, mas não são embaixadas, que permanecem, na grande maioria dos casos, em Telavive ou nos arredores.
Na terça-feira, a Liga Árabe também condenou a decisão das autoridades kosovares.
"O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e a decisão em estabelecer uma embaixada na cidade ocupada é ilegal e representa uma violação do Direito Internacional", declarou, na terça-feira, o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abulgueit.
O estatuto de Jerusalém é uma das questões mais complicadas e delicadas do conflito israelo-palestiniano, um dos mais antigos do mundo.
Israel ocupa Jerusalém oriental desde 1967 e declarou, em 1980, toda a cidade de Jerusalém como a sua capital indivisa.
Os palestinianos querem fazer de Jerusalém oriental a capital de um desejado Estado palestiniano, coexistente em paz com Israel.
A grande maioria dos países com representação diplomática em Israel têm as embaixadas em Telavive, em conformidade com o princípio, consagrado em resoluções das Nações Unidas, de que o estatuto de Jerusalém deve ser definido em negociações entre israelitas e palestinianos.
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