A Prefeitura Marítima da Mancha e do Mar do Norte indicou num comunicado que um total de 9.551 pessoas atravessaram ou tentaram cruzar o canal o ano passado, contra 2.294 em 2019.
Seis pessoas morreram e três desapareceram nos "868 acontecimentos ligados a tentativas ou travessias de migrantes" registados em 2020, disse a mesma fonte à agência France Presse, adiantando que no ano anterior morreram quatro pessoas nas perigosas viagens.
Em 2019, foram 203 as tentativas de atravessar o canal.
Os números dos envolvidos nas travessias já tinham quadruplicado entre 2018 e 2019, mas as autoridades chamam a atenção para o facto de um mesmo migrante poder ser contabilizado várias vezes, se tentar várias vezes atravessar.
François Guennoc, presidente da associação Albergue dos Migrantes, considera que o aumento se poderá dever a vários fatores como "as ótimas condições climatéricas entre o início de março e agosto, o aumento da taxa de sucesso e a melhoria dos métodos dos contrabandistas".
Segundo Ghennoc, as condições de sobrevivência dos candidatos à travessia na costa "são cada vez mais difíceis, com transferências em massa e forte pressão policial".
Acredita que "as tentativas vão continuar, porque a política europeia" relativa ao "direito de asilo e acolhimento não caminha na direção correta".
As associações têm registado atualmente um milhão de migrantes entre Calais e Grande-Synthe, na costa francesa frente ao Canal da Mancha, expostos a expulsões quase diárias dos seus acampamentos improvisados.
Por outro lado, as passagens ilegais detetadas nas fronteiras exteriores da União Europeia baixaram 13% em 2020 face ao ano anterior, para 124.000, sobretudo devido às restrições da pandemia da covid-19 impostas nos diferentes países, indicou a agência europeia de vigilância das fronteiras Frontex.
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