"Parece que chegou este novo mundo bonito, no qual os gigantes da tecnologia silenciam os que têm opiniões diferentes. Tomámos as medidas necessárias e aguardamos uma explicação oficial do Twitter", escreveu na sua conta no Twitter o porta-voz governo, Zoltan Kovacs, próximo do primeiro-ministro, Viktor Orban.
Qualquer tentativa de acesso à conta em inglês do executivo húngaro desencadeava hoje de manhã a mensagem: "O utilizador @abouthungary foi suspenso".
"Esta conta foi efetivamente suspensa sem aviso ou explicação. Foi aparentemente restabelecida -- igualmente sem explicação", podia ler-se no Twitter do governo húngaro ao início da tarde.
"Isto é muito interessante, tendo em conta que a Comissão Europeia vai divulgar hoje o seu primeiro relatório sobre o Estado de direito", considerou Kovacs.
A Comissão Europeia apresentou hoje um primeiro relatório sobre o respeito pelo Estado de direito nos 27 países da UE, no qual manifestou "sérias preocupações" com a pressão e ataques aos tribunais e à imprensa pelos governos da Hungria e Polónia.
Os mesmos receios conduziram ao desencadear do procedimento previsto no artigo 7 do Tratado da União em setembro de 2018 contra a Hungria por risco de violação dos valores da UE.
O relatório também põe em causa a eficácia das investigações, processos judiciais e julgamentos de casos de corrupção na Hungria, apontando ameaças à independência política dos meios de comunicação social no país.
Este ano, o Twitter suprimiu várias mensagens na rede social do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, citando informações incorretas.
Segundo o politólogo húngaro Peter Kreko, a Hungria é o único país da UE onde as "notícias falsas" constituem a narrativa oficial, transmitida pelos media próximos do poder.