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Perito fala em "alto risco" de suicídio se Assange for extraditado

Um perito em psiquiatria afirmou hoje em tribunal que é muito provável que o fundador do Wikileaks, Julian Assange, tente suicidar-se se for extraditado para os Estados Unidos.

Perito fala em "alto risco" de suicídio se Assange for extraditado
Notícias ao Minuto

15:06 - 22/09/20 por Lusa

Mundo WikiLeaks

Michael Kopelman, professor emérito de neuropsiquiatria do King's College de Londres, disse que Assange tem um historial de depressão e que existe um "alto risco" de suicídio se a tentativa de o extraditar for bem sucedida.

"Será a iminência de extradição e/ou a extradição efetiva que desencadeará a tentativa, na minha opinião", disse o perito, convocado como testemunha pela equipa de defesa de Assange, no tribunal londrino de Old Bailey.

O perito defendeu haver "uma abundância de conhecidos fatores de risco", incluindo um histórico familiar de depressão e suicídio e o isolamento a que esteve sujeito, primeiro na embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou em 2012, e depois na prisão britânica de alta segurança de Belmarsh, perto de Londres, para onde foi transferido em abril de 2019.

As condições de detenção do fundador do Wikileaks foram denunciadas pelo relator da ONU para a tortura.

Michael Kopelman disse ainda que Julian Assange foi diagnosticado com uma desordem do espetro do autismo, associada a uma tendência crescente para pensamentos suicidas, e apresenta "sintomas psicóticos", como alucinações auditivas.

Assange disse ao psiquiatra ter ouvido vozes que lhe diziam "tu és lixo, tu estás morto, viemos buscar-te".

Questionado por um dos advogados que representam a administração norte-americana, James Lewis, Kopelman, que esteve duas dezenas de vezes com Julian Assange, disse estar sempre atento à possibilidade de um paciente "fingir" ou exagerar sintomas.

Os Estados Unidos acusam Assange de 17 crimes de espionagem e um de uso indevido de computador pela divulgação, na página do Wikileaks, de centenas de milhares de documentos secretos norte-americanos a partir de 2010, crimes puníveis com uma pena máxima de 175 anos de prisão.

A defesa de Assange alega que ele é um jornalista e, como tal, tem direito a invocar as proteções previstas na Primeira Emenda por ter publicado documentos que expuseram ações ilegítimas cometidas pelas Forças Armadas norte-americanas no Iraque e no Afeganistão.

A defesa alega igualmente que as condições a que seria sujeito numa prisão nos Estados Unidos violariam os seus direitos humanos.

As audiências do processo de extradição de Julian Assange começaram a 7 de setembro e devem prolongar-se até outubro.

A juíza Vanessa Baraitser deverá decidir se o pedido de extradição dos Estados Unidos respeita um determinado número de critérios legais, designadamente se não é desproporcionada ou incompatível com os direitos humanos.

A decisão da juíza deverá ser anunciada semanas ou meses depois de terminarem as audições.

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