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Costa do Marfim. Amnistia pede medidas contra violência nas presidenciais

A organização Amnistia Internacional (AI) apelou hoje às autoridades da Costa do Marfim para "tomarem medidas imediatas para prevenir a violência" durante as eleições presidenciais, depois de oito pessoas terem morrido aquando do anúncio da recandidatura do atual Presidente.

Costa do Marfim. Amnistia pede medidas contra violência nas presidenciais
Notícias ao Minuto

16:13 - 28/08/20 por Lusa

Mundo Amnistia Internacional

"Nas cidades de Divo e Bonoua, no sul e sudeste do país, a marcha de sexta-feira, 21 de agosto, das mulheres contra a candidatura do Presidente, Alassane Ouattara, a um terceiro mandato, foi brutalmente dispersa pelos jovens. A violência que se seguiu resultou em vários ferimentos, pilhagem e incêndios em lojas", disse a organização de defesa dos direitos humanos, citada pela agência France-Presse (AFP).

Segundo a AFP, a AI diz ter entrevistado várias testemunhas oculares e recolhido informações que confirmaram que as mulheres que se manifestavam foram atacadas por grupos de jovens armados com machetes e bastões.

A AI criticou também a detenção da líder da sociedade civil Pulchérie Gbalet, acusada de "incitação à revolta".

"Ao prenderem arbitrariamente vozes dissidentes, as autoridades estão a restringir de forma abusiva a liberdade de expressão, associação e reunião pacífica. Todas as pessoas detidas arbitrariamente devem ser libertadas imediatamente", afirmou Samira Daoud, diretora da AI para a África Ocidental e Central, citada pela mesma fonte.

Da mesma forma, Daoud lamentou "a proibição das manifestações", considerando que é "mais um ataque contra as vozes dissidentes".

"A liberdade de manifestação pacífica é um direito", vincou.

A responsável da Amnistia Internacional assinalou a importância de uma reação imediata à violência, remetendo para a crise pós-eleitoral de 2010-2011, que provocou a morte de 3.000 pessoas.

A primeira volta das eleições presidenciais da Costa do Marfim está agendada para 31 de outubro, e o atual chefe de Estado, Alassane Ouattara, avançou em 06 de agosto a recandidatura a um terceiro mandato, depois de ter dito que não o faria, tendo sido confirmado oficialmente pelo seu partido no sábado de manhã, o que desencadeou uma nova onda de violência no país.

A Constituição da Costa do Marfim limita o número de mandatos presidenciais a dois, mas de acordo com a interpretação do Governo, Ouattara, que foi eleito em 2010 e que está a completar o seu segundo mandato, tem o direito de se candidatar à reeleição porque a reforma constitucional de 2016 reiniciou do zero o calendário de mandatos presidenciais.

Esta interpretação é contestada pelos partidos da oposição, que consideram inconstitucional uma terceira candidatura.

A tensão política na Costa do Marfim tem vindo a aumentar à medida que se aproximam as eleições presidenciais, que terão lugar 10 anos após a crise pós-eleitoral de 2010-2011, de que resultaram 3.000 mortos.

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