Israel deve "abandonar" planos de anexação de territórios da Cisjordânia

A Amnistia Internacional (AI) defendeu hoje que "as autoridades israelitas devem abandonar imediatamente os planos de anexação de territórios na Cisjordânia".

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© Reuters

Lusa
01/07/2020 06:51 ‧ 01/07/2020 por Lusa

Mundo

Amnistia Internacional

Hoje, o Governo israelita deve anunciar a sua estratégia para a anexação de partes da Cisjordânia, território palestiniano ocupado por Israel desde 1967.

A AI apela à comunidade internacional para que tome "medidas firmes" contra a proposta israelita e os colonatos ilegais na Cisjordânia.

A organização internacional alerta que os planos israelitas de anexação "violam leis internacionais e acentuam décadas de violações sistemáticas de direitos humanos contra os palestinianos".

A AI cita o seu diretor-adjunto para o Médio Oriente e Norte de África, Saleh Higazi, segundo o qual, "o direito internacional é claro quanto a este assunto: a anexação é ilegal".

Higazi sublinha que "o facto de Israel levar por diante esta política ilustra ainda mais a desconsideração cínica que tem face ao direito internacional".

A AI refere que, "segundo relatos, a proposta israelita poderia incluir até 33% da área total da Cisjordânia".

O responsável da AI urge a comunidade internacional a "fazer cumprir a lei e a reafirmar que a anexação de qualquer parte da Cisjordânia ocupada é nula e não tem efeito", e "deve trabalhar para interromper imediatamente a construção ou a expansão de colonatos ilegais de Israel e de infraestruturas nos territórios palestinianos ocupados".

A Amnistia considera ainda "nula" esta anexação e recorda que a política de Telavive em estabelecer civis nestes territórios e "deslocar a população palestiniana" contraria o direito internacional humanitário, nomeadamente o artigo 49.º da Convenção de Genebra, relativamente à proteção das pessoas civis em tempo de guerra.

"Transferir civis da potência ocupante para território ocupado é um crime de guerra", adverte a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos, referindo que "os colonatos e as infraestruturas associadas não são temporárias, não beneficiam os palestinianos e não atendem às necessidades legítimas de segurança da potência ocupante".

A Amnistia lembra que os colonatos hebraicos ocupam e/ou destroem propriedades palestinianas, o "que não é militarmente necessário".

Saleh Higazi afirma no mesmo comunicado que "os colonatos são criados com o único objetivo de estabelecer permanentemente judeus israelitas em terras ocupadas" e que "este é um crime de guerra segundo o direito internacional".

A Autoridade Palestiniana reagiu às intenções de Telavive, e acabou com a sua cooperação ao nível da segurança com Israel e o movimento islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

As autoridades palestinianas consideram o projeto de anexação como uma "declaração de guerra". E para hoje está convocado no enclave um "Dia da Ira".

O ministro da Defesa israelita, Benny Gantz, disse na segunda-feira que o plano para começar a anexar território da Cisjordânia terá de aguardar devido à crise devido ao coronavírus no país.

"Qualquer coisa que não esteja relacionada com a batalha contra o coronavírus terá de aguardar", afirmou Gantz, adiantando que a sua prioridade é ajudar o país a enfrentar a crise económica e de saúde decorrente da pandemia.

O anúncio de Gantz expõe uma fenda no novo Governo de coligação israelita, que reúne o Likud, do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e a coligação Azul e Branco, do ministro da Defesa.

Antes, Netanyahu tinha dito a membros do Likud que estava a trabalhar "discretamente" com os norte-americanos sobre o projeto de anexação e que "a questão não depende do Azul e Branco".

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