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Israel prevê anunciar anexação da Cisjordânia a partir de amanhã

O governo israelita prevê anunciar a partir de quarta-feira a sua estratégia para a anexação de partes da Cisjordânia, território palestiniano ocupado por Israel desde 1967, e são muitos os alertas para o custo da ação unilateral.

Israel prevê anunciar anexação da Cisjordânia a partir de amanhã
Notícias ao Minuto

09:49 - 30/06/20 por Lusa

Mundo Cisjordânia

Um dos últimos foi o da Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU, que chamou a atenção para as consequências "desastrosas" da medida.

"A anexação é ilegal. Ponto final", afirmou Michelle Bachelet na segunda-feira numa declaração escrita. "Qualquer anexação. Seja de 30% da Cisjordânia ou de 5%", adiantou, alertando que as suas "ondas de choque durarão décadas".

A anexação por Israel de uma centena de colonatos e do vale do Jordão, prevista no plano norte-americano para o Médio Oriente, frustraria as esperanças palestinianas de estabelecer um Estado independente viável.

O plano apresentado em janeiro pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevê um Estado palestiniano num território fragmentado e reduzido e sem Jerusalém Oriental por capital, reivindicação de sempre dos palestinianos.

O que o governo de Benjamin Netanyahu considera uma "oportunidade histórica" é rejeitado pelos palestinianos e criticado por boa parte da comunidade internacional.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu ao governo israelita que abandonasse os seus planos e a União Europeia (UE) lançou uma ofensiva diplomática para tentar travar Israel de continuar o projeto de anexação.

Mas o bloco europeu, o primeiro parceiro económico do Estado hebreu, está dividido em relação à questão, o que o impedirá de determinar sanções, a exigirem a unanimidade dos Estados-membros.

A UE poderá apenas sancionar programas de cooperação específica com Israel que não exigem unanimidade, alguns países poderão também conduzir uma ação "coordenada", como referiu o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian. Ou cada um dos Estados decidir por si, avaliando os prós e contras da redução do envolvimento com Israel.

"Temos connosco uma larga coligação internacional contra o projeto israelita de anexação de terras na Cisjordânia", que inclui "países árabes, países não-alinhados, de África e da Europa", declarou a semana passada à agência France-Presse o secretário-geral da Organização de Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erakat.

"Nenhum país está fora desta coligação, exceto Israel e os Estados Unidos", afirmou.

Washington tem pressionado os países árabes do Golfo para se aproximarem de Israel, tendo em conta o "inimigo comum" Irão, e, nos últimos anos, Israel desenvolveu uma cooperação oficiosa com economias regionais como o Bahrein, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita.

Os embaixadores dos Emirados, de Omã e do Bahrein assistiram na Casa Branca à apresentação do "plano Trump", que o primeiro considerava "um importante ponto de partida" para um regresso à mesa das negociações.

Mas Youssef al-Otaiba, embaixador do Emirados nos Estados Unidos, veio dizer agora que "a anexação certamente acabará com as aspirações israelitas de melhores relações com o mundo árabe" e o seu país.

Está em causa uma ação unilateral e analistas assinalam que as monarquias do Golfo têm de ter em conta o "apoio" da sua opinião pública à causa palestiniana.

A Autoridade Palestiniana acabou com a sua cooperação ao nível da segurança com Israel e o movimento islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, considerou o projeto de anexação como uma "declaração de guerra". Para quarta-feira foi convocado no enclave um "Dia da Ira".

Num contexto de crise económica devido à pandemia da covid-19, o apoio da sociedade israelita à anexação desceu abaixo dos 50% e um número maior teme uma nova onda de violência.

O ministro da Defesa de Israel e primeiro-ministro alternativo, Benny Gantz, disse na segunda-feira que o plano para começar a anexar território da Cisjordânia terá de aguardar devido à crise do novo coronavírus no país.

"Qualquer coisa que não esteja relacionada com a batalha contra o coronavírus terá de aguardar", afirmou Gantz, adiantando que a sua prioridade é ajudar o país a enfrentar a crise económica e de saúde decorrente da pandemia.

O anúncio de Gantz expõe uma fenda no novo governo de união israelita, que reúne o Likud do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e a coligação Azul e Branco, do ministro da Defesa.

Antes, Netanyahu tinha dito a membros do Likud que estava a trabalhar "discretamente" com os norte-americanos sobre o projeto de anexação e que "a questão não depende do Azul e Branco".

Analistas lembram ainda que o apoio norte-americano pode alterar-se se o ocupante da Casa Branca mudar nas presidenciais de novembro. O democrata Joe Biden, à frente nas últimas sondagens, opõe-se à anexação.

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