Milhares na oração inaugural da Hagia Sophia convertida em mesquita

Milhares de muçulmanos reuniram-se hoje em torno da antiga basílica Hagia Sophia para participar, na presença do Presidente turco, Recep Tayyip Erdgogan, na primeira oração desde a conversão em mesquita do emblemático edifício de Istambul.

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© Reuters

Lusa
24/07/2020 11:30 ‧ 24/07/2020 por Lusa

Mundo

Hagia Sophia

Apesar da pandemia da covid-19, formaram-se multidões compactas pela manhã em torno da Hagia Sophia (Santa Sofia) para participar na oração, observaram jornalistas da agência francesa France-Presse (AFP) no local.

Obra arquitetónica importante construída no século VI e o monumento mais visitado de Istambul, Hagia Sophia foi sucessivamente uma basílica bizantina, mesquita otomana e um museu. A 10 de julho, Erdogan decidiu devolver o edifício ao culto muçulmano depois de uma decisão do tribunal ter revogado o estatuto de museu.

Essa medida despertou a ira de vários países, nomeadamente a Grécia, que segue de perto o destino da herança bizantina na Turquia. Também o Papa Francisco disse estar "muito angustiado" com a reconversão.

As recitações do Corão foram realizas esta manha no edifício, antes das orações de sexta-feira para as quais várias autoridades estrangeiras foram convidadas.

Devido à pandemia, as autoridades indicaram que um máximo de mil fiéis podem orar dentro da mesquita, mas milhares de pessoas podem reunir-se em torno da mesma, a que aconteceu logo ás primeiras horas.

Diante do afluxo de fiéis, alguns dos quais sem máscaras, o governador de Istambul, Ali Yerlikaya, avisou no final da manhã que os espaços no exterior estavam cheios.

Sinal do caos, várias dezenas de pessoas forçaram um cordão policial para correr em direção à Hagia Sophia, segundo um vídeo divulgado pela imprensa turca.

Para muitos observadores e analistas, a reconversão do edifício numa mesquita por parte de Erdogan visa galvanizar a base eleitoral conservadora e nacionalista, num contexto de dificuldades económicas agravas pela pandemia.

Ao tomar essa decisão, o chefe de Estado, muitas vezes acusado de desvio islâmico, está a atacar também o legado do fundador da República, Mustafa Kemal, que transformou Hagia Sophia num museu, em 1934, para torná-la num símbolo da Turquia secular.

"Esta é Hagia Sophia a romper com as suas correntes de cativeiro. Era o maior sonho da nossa juventude. Era o desejo do nosso povo e foi realizado", disse Erdogan na semana passada, descrevendo a conversão do edifício em museu como um erro que está a ser corrigido.

Na vizinha Grécia, tocaram sinos e bandeiras voaram a meia-haste em centenas de igrejas do país, em protesto contra a decisão da reconversão. O líder da Igreja Grega Ortodoxa, o arcebispo Ieronymos, vai realizar hoje um culto especial na Catedral de Atenas e, tanto na capital como em Tessalónica, vão haver vigílias.

O destino dos mosaicos bizantinos encontrados dentro de Hagia Sophia e que foram cobertos com gesso durante o período otomano é um motivo de particular preocupação entre historiadores.

A Autoridade de Assuntos Religiosos (Diyanet) afirmou que os mesmos seriam cobertos por cortinas apenas durante as orações, já que o Islão proíbe representações figurativas.

 

 

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