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Turquia enviou mais de 16.000 combatentes sírios para a Líbia

Cerca de 16.100 combatentes sírios recrutados e pagos pela Turquia foram enviados para a Líbia em apoio ao governo de Tripoli reconhecido pela ONU e envolvido numa guerra civil com um campo rival, indicou hoje uma ONG síria.

Turquia enviou mais de 16.000 combatentes sírios para a Líbia
Notícias ao Minuto

15:16 - 13/07/20 por Lusa

Mundo Líbia

Segundo a organização não-governamental (ONG) Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), com sede no Reino Unido mas com uma ampla rede de colaboradores no terreno, entre os mercenários existem 340 menores, e 5.600 pertencem a fações armadas sírias aliadas da Turquia no combate contra o exército do Presidente Bashar al-Assad no noroeste da Síria.

Segundo fontes do OSDH, os mercenários são recrutados e treinados nessa zona, recebendo entre 8.000 e 11.000 liras turcas (entre 973 euros e 1.415 euros) mensais, mas Ancara oferece mais dinheiro aos comandantes destas fações para enviarem os seus homens em direção à Líbia.

A OSDH acrescentou que até ao momento foram mortos 470 sírios em combate na Líbia, incluindo 33 menores.

Desde o início de 2020 que o Observatório tem contabilizado os combatentes sírios que saíram no nordeste do país através da Turquia, e em direção à Líbia, para combaterem em troca de dinheiro ao lado das forças do Governo de Acordo Nacional (GAN), reconhecido pela ONU.

A Turquia apoia as forças e milícias leais a este Executivo, que enfrenta no terreno o designado Exército Nacional Líbio (ENL) do marechal dissidente Khalifa Haftar, o "homem forte" do leste do país.

Para além dos mercenários sírios, outros combatentes estrangeiros participam no conflito, como sudaneses e russos, alguns a soldo de companhias privadas de segurança.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, denunciou a crescente intervenção estrangeira no país do norte de África e pediu às potências envolvidas apoio para tentar garantir um cessar-fogo e uma solução política a um conflito que se prolonga desde 2011.

Após a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011, na sequência de uma revolta interna e uma decisiva intervenção aérea de forças da NATO (onde a França se destacou juntamente com Reino Unido e Estados Unidos), a Líbia resvalou para uma situação de caos, com contínuos conflitos e lutas pelo poder.

Em abril de 2019, as forças de Haftar desencadearam uma ofensiva em direção a Tripoli, mas o seu avanço que parecia imparável foi travado há poucas semanas, na sequência do apoio turco ao GAN.

Nos últimos meses, a intervenção da Turquia alterou o equilíbrio de forças no terreno, debilitando e fazendo retroceder o ENL.

Apoiados pelos 'drones' [aparelhos aéreos não-tripulados] de Ancara, as forças pró-GAN ameaçam agora Sirte, uma localidade estratégica em direção ao leste do país do norte de África e uma "linha vermelha" para o Egito, que ameaçou intervir militarmente.

A guerra civil na Líbia, que se agravou na sequência de uma crescente ingerência externa, em particular do Egito, Emirados Árabes Unidos, França e Rússia em apoio a Haftar e, mais recentemente, da Turquia e Qatar em apoio ao campo oposto -- a Itália, antiga potência colonial, também tem privilegiado os contactos com Tripoli --, provocou muitos milhares de mortos e mais de 200.000 deslocados.

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