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Mulher em África sofre de Covid-19 por ser mulher

A fundadora das Mulheres Solidárias com África afirmou hoje que a pandemia de covid-19 tem a face da mulher, particularmente em África, onde a doença a afeta de forma desproporcional e o confinamento aumentou a violência baseada no género.

Mulher em África sofre de Covid-19 por ser mulher
Notícias ao Minuto

14:50 - 18/06/20 por Lusa

Mundo Covid-19

Bineta Diop, ativista dos direitos das mulheres no Senegal, participava na conferência de imprensa 'online' da Organização Mundial da Saúde (OMS) África sobre a pandemia de covid-19 no continente, que regista 267 mil casos e 7.197 mortos devido ao novo coronavírus.

A ativista sublinhou a forma "desproporcional" como a pandemia tem afetado mais as mulheres, seja ao nível da infeção pelo novo coronavírus ou pela violência a que o confinamento em casa as expôs.

A violência do género é "uma pandemia sombra" que tem aumentado ao mesmo tempo que a infeção progride, afirmou Diop, lembrando que a maioria das mulheres em África trabalha no mercado ilegal, o qual parou aquando do aparecimento da doença, obrigando-as a ficar em casa.

Bineta Diop arriscou mesmo dizer que a violência de género duplicou durante o confinamento, com sinais mais visíveis em países onde já é frequente.

A diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, subscreveu as preocupações e referiu que "as mulheres africanas foram imediata e desproporcionadamente afetadas por bloqueios devido ao tipo de trabalho em que estão envolvidas".

"As ordens de permanência em casa também expuseram as mulheres em relações abusivas a um maior risco de violência", prosseguiu, enaltecendo a posição do Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, que apelou à população para que declare a violência baseada no género como uma outra pandemia.

Também o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou recentemente para a situação de "centenas de milhões de crianças em todo o mundo" em risco de maus-tratos, violência baseada em género, exploração, exclusão social e separação dos seus tutores devido às ações para controlar a disseminação da covid-19.

"Cabe aos líderes reconhecerem que isto está a acontecer e depois torná-lo parte das intervenções que são postas em prática para mitigar o impacto tanto da pandemia como da própria violência", advogou Matshidiso Moeti.

Por seu lado, a diretora do Programa das Nações Unidas para a luta contra o VIH/Sida, Winnie Byanyima, referiu durante a sua participação na conferência que se assiste a um "pico de violência".

"As raparigas estão confinadas numa casa onde deveriam ser salvas [da covid-19] e a serem vítimas de violência, porque têm de estar em casa", frisou.

E acrescentou: "É uma vergonha que as mulheres sofram violência porque têm de estar em casa".

Winnie Byanyima apelou a mais segurança e a campanhas de sensibilização, principalmente porque depois das raparigas saírem das escolas que encerraram durante a pandemia, o mais provável é muitas não regressarem porque as famílias não o permitem ou porque, entretanto, engravidaram.

Da experiência de décadas no combate ao Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) e à sida, Winnie Byanyima recordou as dificuldades no acesso aos tratamentos que espera não ver reproduzidas na luta contra a covid-19.

E com base nessa mesma experiência preconizou uma resposta multissetorial à doença.

Winnie Byanyima deixou um apelo aos Governos para "não descurarem a luta contra a sida por causa do coronavírus".

A pandemia de covid-19 já provocou quase 449 mil mortos e infetou mais de 8,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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