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ONU acusa Myanmar de cometer crimes contra a humanidade em Rakhine

A ONU acusou hoje o exército de Myanmar (ex-Birmânia) de cometer crimes contra a humanidade e crimes de guerra no conflito que está a travar contra os rebeldes do Exército Arakan (AA), no oeste do país.

ONU acusa Myanmar de cometer crimes contra a humanidade em Rakhine
Notícias ao Minuto

11:41 - 29/04/20 por Lusa

Mundo ONU

"Enquanto o mundo está preocupado com a pandemia da covid-19, o exército de Myanmar continua a intensificar os seus ataques no estado de Rakhine e a atingir a população civil", denunciou, num comunicado, a relatora especial da ONU para a situação dos direitos humanos em Myanmar, Yanghee Lee.

"O Tatmadaw (exército birmanês) está a violar sistematicamente os princípios mais fundamentais do direito internacional humanitário e dos direitos humanos. A sua conduta contra a população civil nos estados de Rakhine e Chin pode ser considerada crime de guerra e crime contra a humanidade" disse a relatora, que pediu um cessar-fogo.

A relatora especial da ONU acusou o exército birmanês de bombardear populações civis com aeronaves e artilharia em Rakhine - ao longo da fronteira com Bangladesh - e no estado de Chin, impedindo que os feridos recebessem atenção médica, destruindo escolas e casas.

Acusou-o também de deter sem garantias processuais suspeitos de serem membros do AA e de submetê-los a tortura.

Yanghee Lee citou um incidente em 13 de abril no qual oito pessoas, incluindo duas crianças, foram mortas pelo exército na cidade de Kyauk Seik, bem como o desaparecimento de 10 homens em outro incidente, afirmando ainda que centenas de pessoas morreram nas mãos do Exército, incluindo crianças e mulheres, num conflito que já deslocou mais de 157.000 pessoas de suas casas.

O AA foi criado em 2009 por um grupo de estudantes, predominantemente budistas, para lutar pela autonomia do estado, como tantos outros grupos armados representando minorias étnicas no país, muitos dos quais lutam contra o governo central desde a independência de Myanmar em 1948.

O conflito aumentou drasticamente em janeiro do ano passado, quando o AA, que foi designado como "organização terrorista" em 23 de fevereiro, intensificou os seus ataques às forças de segurança birmanesas.

Atualmente, apenas um outro grupo das dezenas que operam em Myanmar é classificado como terrorista pelo Governo, o Exército de Salvação Rohingya de Arakan (ARSA), que luta pelos direitos da minoria muçulmana rohingya, a quem autoridades negam cidadania e qualificam como "imigrantes bengali".

Após uma série de ataques do ARSA em agosto de 2017 no norte do estado de Rakhine, o exército birmanês lançou uma campanha militar brutal, após a qual uma parte da população rohingya, mais de 730.000 pessoas, fugiu para o vizinho Bangladesh.

Os militares e o Governo de Myanmar enfrentam uma acusação de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, na Holanda.

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