Como foi passar pela pandemia da gripe "espanhola" de 1918

Quando olha para as pessoas de máscara, as mercearias vazias e o ciclo interminável de notícias, é fácil sentir que estamos a viver um momento como nenhum outro na História. As respostas variadas dos governos do mundo à crise e as mudanças radicais no nosso dia a dia parecem sem precedentes, mas, de facto, o mundo passou por esta mudança assustadora há cerca de um século.

A pandemia de gripe de 1918, também conhecida como "gripe espanhola", apanhou todos de surpresa com a sua mortalidade e rápida disseminação. No total, durou cerca de um ano e infetou cerca de 500 milhões de pessoas — cerca de um quarto da população mundial à  época — e resultou em cerca de 50 milhões de mortes em todo o mundo. Mas tudo isso serviu ao menos para nos informar e ajudar agora. Clique para ver como foi viver a gripe de 1918.

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O primeiro caso confirmado

Há pouco mais de um século, em março de 1918, foi confirmado o primeiro caso. Embora não exista um consenso sobre a sua origem, acredita-se que tenha sido disseminado por movimentos de tropas durante a Primeira Guerra Mundial.

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De onde veio a alcunha de "gripe espanhola"

Durante a Primeira Guerra Mundial, os primeiros relatos da doença na Alemanha, Reino Unido, França e EUA foram censurados para manter a moral, mas os jornais em Espanha, país neutro, tinham a liberdade de noticiar a doença, o que criou uma falsa impressão de que a Espanha foi particularmente atingida.

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Eventos e encontros foram cancelados

Depois de a gravidade global se tornar evidente, os salões de dança e os cinemas fecharam em algumas cidades, e grandes eventos foram cancelados para impedir que as pessoas espalhassem o vírus.

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Máscaras obrigatórias para os transportes públicos

Os condutores de elétricos em algumas cidades tinham o direito de negar a entrada de passageiros que não usassem máscara.

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As máscaras não eram muito eficazes

O uso obrigatório de máscaras foi amplamente implementado. As máscaras de gaze, que algumas pessoas embebiam em óleo de cânfora por acreditarem ser uma proteção adicional, estavam por toda parte durante a pandemia.

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Hospitais improvisados apareceram por todo o lado

O aumento exponencial de casos sobrecarregou os hospitais, o que obrigou a criar hospitais improvisados, como este conjunto de tendas.

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Hospitais improvisados apareceram por todo o lado

Muitos edifícios públicos e residências particulares também foram convertidos para ajudar a combater o vírus.

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Os pacientes eram medicados com uísque e champanhe

Devido à falta de conhecimento e recursos sobre o vírus, os cuidados aos pacientes aparentemente incluíam bebidas alcoólicas. Os médicos davam aos pacientes goles de champanhe para ajudar com as náuseas, e uma enfermeira de Chicago disse que havia tantos pacientes, que apenas podiam distribuir um pouco de ponche quente a cada um.

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Gargarejar para combater a gripe

Como proteção contra o vírus da gripe, os homens gargarejavam com água salgada, que era considerada uma medida preventiva. Ainda hoje algumas pessoas acreditam nesse mito já entretanto desmascarado.

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O ar fresco combate a gripe?

As mulheres do Departamento de Guerra americano faziam caminhadas de 15 minutos para respirar o ar fresco todas as manhãs e noites para afastar o vírus. No entanto, elas faziam isso em grandes multidões.

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Tribunal ao ar livre

Os julgamentos em São Francisco eram realizados ao ar livre num parque devido à pandemia.

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Isolamento e quarentena

Tal como hoje, os armazéns eram convertidos em hospitais para isolar e colocar em quarentena aqueles com o vírus e, assim, contê-lo.

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Juntos como sardinhas em lata

As camas dos pacientes eram colocadas em posições opostas para que a respiração de um paciente não fosse direcionada para o rosto de outro.

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Comunidades contavam com enfermeiras voluntárias

Como tantos médicos já tinham sido recrutados para a guerra, as cidades alistaram enfermeiras voluntárias. Algumas pessoas desesperadas raptavam enfermeiras e exigiam que cuidassem de familiares.

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Contratação de mais enfermeiras

Mulheres desanimadas reuniam-se para recrutar mais enfermeiras durante a pandemia, e ainda hoje parece haver escassez de quem faz o trabalho corajoso de cuidar dos pacientes.

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Proibido cuspir no passeio

Isso às vezes era imposto entre outras instruções, que incluíam usar um lenço para cobrir tosses e espirros, evitar multidões, não partilhar toalhas e não fazer nada muito cansativo.

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Os cidadãos faziam o que podiam

A Sra. JL Ackerson, matrona da sociedade de Filadélfia, usou o seu automóvel para servir de motorista do Fleet Hospital durante o surto.

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Trabalhar a partir de casa não era opção

A maioria das pessoas não tinha a capacidade de trabalhar em casa, como fazemos hoje, por isso eram forçadas a ir para o escritórios, alguns dos quais escalonaram as horas de trabalho, numa tentativa de criar algum isolamento entre os trabalhadores.

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Rezar por saúde

Pelo menos hoje acatamos mais rapidamente as ordens de isolamento, ao contrário desta congregação de São Francisco nos degraus da Catedral de Santa Maria da Assunção, onde se reuniu em grande número para ouvir a missa.

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Aconselhadas a manter as janelas abertas

Apanhar ar era uma grande parte dos conselhos dados para combater a gripe.

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A indústria funerária não conseguia dar resposta

A enorme escala e rapidez da pandemia significavam que as comunidades não tinham capacidade de lidar com a enorme taxa de mortalidade. As morgues estavam tão sobrecarregadas que algumas famílias mantinham os mortos em casa até que o cadáver pudesse ser recolhido, e alguns agentes funerários tinham inclusive de começar a usar caixotes em vez de caixões.

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Tentar compreender a loucura

Como hoje, havia teorias de que as pessoas de cor eram menos suscetíveis à gripe. No entanto, o vírus não discrimina biologicamente.

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Mais vítimas entre os jovens adultos do que o esperado

A gripe afeta mais os idosos e as crianças, mas a desnutrição, a sobrelotação dos hospitais e a falta de higiene promoviam a superinfeção bacteriana, que matou a maioria das vítimas.

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Uma "máscara da gripe"

Na opinião de uma funcionária do Conselho de Saúde de Nova Iorque, "antes ridícula do que morta".

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A produzir máscaras para os soldados

Os voluntários trabalhavam incansavelmente para fazer máscaras à mão para os soldados.

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Ilustrações sobre isolamento

A legenda abaixo diz: "Os especialistas dizem, com efeito: 'Não fale com ninguém, não chegue perto de ninguém e estará seguro!' Sem dúvida. Mas não é isto um pouco difícil?".

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A sociedade tornou-se mais individualista

Uma sobrevivente contou que a própria sociedade tinha mudado após a pandemia, visto que não havia mais reuniões na escola ou na igreja ou com a família, e o medo separava as pessoas e deixava-as desconfiadas. Alguns disseram que isso destruiu a intimidade nas suas comunidades.

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A situação era imensamente desanimadora

O horror e a tristeza de enfrentar tanta morte tão consistentemente foram um grande golpe para o otimismo de vida das pessoas, especialmente depois de a ver ser tirada às pessoas mais saudáveis.

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Aprendemos algumas duras lições

E infelizmente ainda estamos a aprender.

Veja também: Como manter a calma durante a pandemia de coronavírus

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