Senegal. Polícia acusada de excessos no controlo do recolher obrigatório

Vários defensores dos direitos humanos do Senegal denunciaram hoje uma violência excessiva por parte das forças de segurança para o cumprimento do recolher obrigatório para contenção do novo coronavírus, de acordo com agências noticiosas internacionais.

Senegal, Bandeira

© Reuters

Lusa
25/03/2020 16:17 ‧ 25/03/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

 

Alioune Tine, fundador do grupo Afrikajom Center e antigo diretor regional da Amnistia Internacional para a África Ocidental e Central, defende que as autoridades policiais podem garantir que o toque de recolher obrigatório seja respeitado "de uma forma que respeite os direitos humanos".

"Sem tortura, tratamento desumano ou degradante. Sem o uso excessivo de força", escreveu Tine na plataforma social Twitter.

Segundo a agência France-Presse, na mesma plataforma estão a ser partilhados vários vídeos que mostram polícias a agredir transeuntes isolados, a atacar um taxista ou a perseguir um jovem nas ruas.

Na segunda-feira, o Presidente senegalês, Macky Sall, declarou o estado de emergência no país, impondo também um recolher obrigatório entre as 20:00 e as 06:00 para o combate da pandemia de covid-19.

Os residentes de Dacar assinalam que nem sempre é possível regressar a casa antes das 20:00, especialmente com os limites dos transportes públicos.

"Um estado de emergência não deve levar a arbitrariedades. A violência desta noite é inaceitável, injustificada e intolerável. Aqueles que violam o recolher obrigatório devem ser punidos, mas de acordo com a lei e a dignidade humana", escreveu o advogado Mbissane Ngom, também no Twitter.

A organização não-governamental (ONG) Forum du Justiciable acredita que "este comportamento pode ser comparado à tortura, violando seriamente a dignidade dos cidadãos".

No entanto, alguns internautas senegaleses defendem os métodos das forças policiais.

"É verdade que tem havido alguns deslizes, mas se as pessoas desobedecem, temos de agir firmemente. O uso da força, no nosso contexto social, face à covid-19, é necessário", disse o titular da conta "Discover Senegal", citado pela France-Presse.

O Senegal contabiliza pelo menos 99 casos de covid-19 desde que foi detetado o primeiro infetado, em 02 de março, tendo sido hoje anunciados 13.

Nove pacientes foram declarados como curados e, até ao momento, as autoridades senegalesas não relataram qualquer morte.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 428 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 19.000 morreram.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente africano contabiliza pelo menos 64 mortos e 2.421 casos de infeção desde o início da pandemia, segundo dados do primeiro boletim diário do Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças da União Africana, que reporta dados registados até às 09:30 de Adis Abeba (06:30 em Lisboa).

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