Carl Goldman está em isolamento depois de ter sido infetado com o novo coronavírus a bordo do navio de cruzeiro Diamond Princess. E para o dono da estação de rádio KHTS da Califórnia "não é assim tão mau".
Num artigo publicado no Washington Post, Carl explica que a altura em que se sentiu mais doente foi quando, há uns anos, teve uma bronquiolite.
Desde que contraiu o Covid-19, tem sido bem mais "fácil": não tem calafrios, nem dores no corpo. O americano garantiu ainda que respira com facilidade e nem sequer tem o nariz entupido. Tem, isso sim, uma sensação de aperto no peito e tosse. Carl acredita que se estivesse em casa com estes sintomas, provavelmente teria ido trabalhar.
O americano explicou ainda como recebeu o diagnóstico. Carl esteve a bordo do navio com a mulher, Jeri, durante 16 dias até que foi decretada a quarentena. Recorda que, quando deixou o Diamond Princess, há umas semanas, se sentia bem. Ao longo dos 14 dias em que esteve em quarentena, foi medindo a temperatura corporal e tudo sempre se manteve dentro dos padrões considerados normais.
A certa altura, o casal teve de ser submetido ao teste laboratorial que confirmaria a presença ou não do vírus. "Disseram-se que receberíamos os resultados em 48 horas". Mas, esses resultados não chegaram até ao momento em que tinham de embarcar para o autocarro que os levaria ao aeroporto onde estavam dois aviões dos EUA.
Carl recorda-se de ter tossido um pouco quando saiu de Tóquio, mas atribuiu-o ao ar seco da cabide do avião. Sentia-se cansado e acabou por adormecer. Quando acordou, sentia-se febril. "Fui até à parte de trás do avião de carga, onde a Força Aérea montou uma área de quarentena isolada com folhas de plástico e mediram-me a temperatura".
Confirmava-se que Carl Goldman tinha febre. Foi mantido então em isolamento na parte de trás do avião até aterrar na Califórnia. Assim que chegou a solo americano, foi levado para um hospital onde foi mantido em quarentena. "Duas câmeras observavam-me o tempo todo; um conjunto de monitores estava equipado com microfones para que a equipa médica e eu pudéssemos comunicar com os funcionários do Centros de Controle e Prevenção de Doenças no comando central do corredor. A sala havia sido usada pela última vez para o surto de Ebola em 2014", revelou.
Foram repetidas as análises e a confirmação chegou: Carl estava infetado com o coronavírus, mas isso não representou uma surpresa, perante os sintomas. O laboratório de Tóquio viria mais tarde a dar a mesma indicação da presença do Covid-19 no sistema do paciente.
Jeri, porém, testou negativo para a presença do novo coronavírus. Ainda assim, foi mantida em quarentena num outro espaço reservado para o efeito.
O internamento
Durante os primeiros dias, Carl recebeu magnésio e potássio por via intravenosa. A cada quatro horas, o paciente era monitorizado pela equipa de enfermagem, que verificava os sinais vitais e retirava sangue para análise.
No último teste realizado, na passada quinta-feira, os médicos verificaram que Carl ainda é portador do vírus Covid-19. Durante o período em que está internado, continua a ser monitorizado porque concordou em participar num estudo clínico em que cientistas tentam encontrar tratamento para o vírus.
"É verdade que a doença parece ser mais fatal para pessoas idosas e com problemas de saúde", acrescentou. Carl considera que é "relativamente afortunado", já que ainda é novo para entrar nos "grupos de maior risco" e está em boa forma.
Para o passageiro do Diamond Princess, "o coronavírus não precisa de ser uma calamidade horrível. Com base na minha experiência, recomendo que as pessoas tenham um bom termómetro digital, apenas como ferramenta de controlo, para se tranquilizarem se o nariz começar a pingar".