Favorita de Merkel sai ao fim de um ano sem conseguir unir a CDU

Em pouco mais de um ano como líder da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer não conseguiu unir o maior partido da Alemanha nem levá-lo de volta às vitórias eleitorais de outrora, acabando por sucumbir a uma aliança regional com a extrema-direita.

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Lusa
10/02/2020 12:26 ‧ 10/02/2020 por Lusa

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Kramp-Karrenbauer

AKK, como passou a ser conhecida, sucedeu a Angela Merkel na liderança da União Democrata-Cristã (CDU, conservadora), em dezembro de 2018, com a missão de unir o partido e vencer eleições, mas a escassa vantagem (25 votos) que obteve então sobre o adversário, o "anti-Merkel" Friedrich Merz, mostrou desde logo a enormidade dessa tarefa.

Se o conseguisse, era muito provável que AKK, 57 anos, sucedesse à carismática chanceler em 2021, para continuar o pesado legado político de Merkel, que foi líder da CDU 18 anos e é chanceler há 15.

Mas uma série de derrotas eleitorais nas europeias e regionais e persistentes críticas dentro do partido, dividido entre uma ala mais centrista e uma outra mais conservadora, foram-na afastando desse caminho.

A "gota de água" foi a tempestade da semana passada, em que a CDU do estado da Turíngia (leste) desafiou instruções explícitas da líder e rompeu o "cordão sanitário" contra a extrema-direita, aceitando colaborar com a Alternativa para a Alemanha (AfD).

A invulgar intervenção de Merkel, que, durante uma visita à África do Sul, afirmou ser "indesculpável" um partido democrático formar maioria com a extrema-direita para eleger um governador e que a situação tinha de ser revertida, acentuou a falta de autoridade de AKK no partido.

Fonte do partido disse hoje à Der Spiegel que AKK apontou posições ambíguas de membros da CDU relativamente à AfD ou ao partido A Esquerda (Die Linke) como razões para a demissão, reiterando a posição que assumiu desde que ascendeu à liderança de que alianças com estes partidos estavam excluídas.

Num claro sinal das divisões, AKK já tinha ameaçado demitir-se no congresso da CDU de novembro passado, em Leipzig (leste), onde centrou o discurso de 90 minutos nas críticas internas à sua gestão e desafiou os opositores a candidatarem-se à liderança.

"Se são da opinião de que o caminho que quero fazer convosco não é o caminho certo, então vamos dizê-lo claramente: vamos parar já, hoje, aqui e agora", disse nessa ocasião.

Annegret Kramp-Karrenbauer, católica, mãe de três filhos, é militante da CDU desde os 19 e tem quase 20 anos de experiência política, iniciada no estado de Sarre (oeste), onde foi chefe do governo regional (2011-2018).

Embora não tenha tido o apoio expresso de Angela Merkel na ascensão à liderança, era considerada a favorita da chanceler, apelidada aliás de "mini-Merkel", que lhe abriu caminho nomeando-a secretária-geral da CDU em fevereiro de 2018.

Em julho passado foi nomeada ministra da Defesa, sucedendo a Ursula von der Leyen, então escolhida para a presidência da Comissão Europeia, novas funções que lhe valeram críticas e elogios e foram vistas como uma tentativa de se afirmar a nível nacional e internacional.

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