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Liberdade religiosa no Paquistão está a "melhorar lentamente"

As condições de liberdade religiosa no Paquistão estão a "melhorar progressivamente" após diversas medidas do atual Governo que fornecem à população um sentido de pertença, disse hoje à Lusa o arcebispo Sebastian de Lahore, cidade paquistanesa.

Liberdade religiosa no Paquistão está a "melhorar lentamente"
Notícias ao Minuto

20:05 - 25/01/20 por Lusa

Mundo Arcebispo de Lahore

"A situação no Paquistão está a melhorar lentamente, houve um período de grandes dificuldades, de ataques, mas o atual Governo adotou importantes medidas para que todos os cidadãos do país tenham o sentido de pertença, um aspeto muito importante", referiu.

D. Sebastian Shaw, da ordem dos franciscanos, encontra-se em Portugal, que já visitou por diversas vezes, para uma série de iniciativas, que incluem esta noite um encontro organizado pelos jovens na Paróquia de Algueirão Mem-Martins, no concelho de Sintra.

O Arcebispo tem-se referido e denunciado com insistência os ataques que têm visado as minorias religiosas, incluindo a vaga de sequestros de raparigas e conversões forçadas, mas assinala uma recente e positiva alteração da situação.

"Nesse sentido, [com as medidas do Governo] deixaram de existir minorias ou maiorias, todas as pessoas são iguais. Nos últimos dois, três anos, registaram-se muitos desafios, mas deixaram de ocorrer as conversões forçadas, os raptos", assegurou.

"Existia uma grande quantidade de sequestros de raparigas jovens nas comunidades hindu e cristã, mas com o atual Governo os deputados cristãos no parlamento federal conseguiram que fosse aprovada a formação de um Comité para abordar estas questões", explicou o arcebispo.

Lahore é capital da província do Punjan, com cerca de 110 milhões de habitantes, e 97% da população é muçulmana, na maioria sunitas. Existem diversas minorias, sendo a mais numerosa a cristã, cerca de 2,3% da população.

No entanto, assinala o prelado, a esmagadora maioria de população muçulmana não está a impedir que se promova o reforço da convivência inter-religiosa.

"É a primeira vez que responsáveis da ideologia muçulmana estão representados no Comité formado no parlamento federal. Após uma longa discussão que envolveu hindus, cristãos e sikhs, onde estiveram presentes líderes muçulmanos, todos concordaram que o rapto é um crime e que devem ser tomadas medidas para punir os sequestradores, e dessa forma haverá alguma paz no país".

Através destas medidas, o arcebispo Sebastian de Lohare assegura que as populações terão "um futuro mais seguro", e que através desta iniciativa e de uma nova legislação "a situação vai melhorar", mesmo que progressivamente.

"Os problemas que existiam há uns anos estão a diminuir, em particular a vaga de sequestros de raparigas e conversões forçadas, e a situação está melhor", insistiu.

Para além dos sequestros ou conversões forçadas, o arcebispo também denota progressos nas situações relacionadas com a lei da blasfémia, que tem atingido todas as comunidades religiosas.

O Código Penal do Paquistão pune a blasfémia contra qualquer religião reconhecida, com sentenças desde uma multa à pena de morte, e os muçulmanos têm constituído a maioria dos acusados.

"Muita gente também na Europa tem rezado por nós, para que ultrapassemos essa situação, e sublinho que os portugueses têm transmitido a todos nós, e em particular ao Paquistão, um forte simbolismo e crença religiosos", reforçou.

Numa referência à sua atual passagem por Portugal, onde permanecerá até segunda-feira, recorda que no país asiático "existem muitas escolas e igrejas" chamadas Santo António, e também escolas e paróquias com o nome de Fátima.

"Eu próprio ensino num liceu com o nome de Fátima, no distrito de Sanghar [província de Sindh], quando venho a Portugal sinto sempre uma grande emoção quando visito o Santuário de Fátima", confessa. "E em Carachi também temos uma grande paróquia também designada Fátima", acrescentou.

Ainda numa referência ao fenómeno das conversões forçadas, disse ser necessário "algum tempo", mas voltou a emitir sinais de esperança.

"Agora, alguns mestres muçulmanos começaram a dizer abertamente que a conversão forçada não é permitida. Penso que é uma boa decisão, e lentamente as pessoas vão-se preparando mentalmente para não forçar ninguém a converter-se a qualquer religião", sustentou.

"Se uma pessoa tem um bom conhecimento da religião, se acreditar, é a sua liberdade, a sua escolha. Caso seja forçada, deixa de existir liberdade de religião", concluiu.

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