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"Há muito mais ódio no mundo hoje", diz historiadora do Yad Vashem

A historiadora chefe do Yad Vashem, o Memorial do Holocausto em Jerusalém, alertou para um crescente antissemitismo no mundo, explicando que existe um fenómeno a que chama "fadiga do Holocausto" que está a atingir as gerações mais recentes.

"Há muito mais ódio no mundo hoje", diz historiadora do Yad Vashem
Notícias ao Minuto

09:36 - 25/01/20 por Lusa

Mundo Holocausto

"Os jovens pertencentes à terceira geração pós-guerra questionam a história do Holocausto, como parte de um processo de fortalecimento das suas identidades nacionais e de necessidade de distância em relação a sentimentos de culpa e responsabilidade", referiu Dina Porat em declarações numa altura em que assinala o 75º aniversário da libertação de Auschwitz-Birkenau, com cerimónias em Jerusalém e na Polónia.

Além disso, esta terceira geração "evidencia uma notável ignorância sobre a Segunda Guerra Mundial", alerta, relacionando a situação com "o desvanecimento do sentimento de obrigação da Europa em relação aos judeus, que permite aparecerem sentimentos antissemitas".

"Há muito mais ódio no mundo hoje", diz a historiadora, que dá o exemplo dos supremacistas brancos norte-americanos e dos neonazis europeus.

Porat, que dirige o Centro Kantor para o Estudo do Judaísmo na Europa, adianta ainda que o aumento do antissemitismo também provém da "crise das democracias" e do fortalecimento da direita na Europa que, diz, "são máscaras do antissemitismo tradicional".

A historiadora chefe do Yad Vashem, o Memorial do Holocausto em Jerusalém que recebeu esta quinta-feira mais de 40 líderes mundiais no Fórum Mundial do Holocausto, defende que educar os jovens e ensinar-lhes a ter a mente aberta é uma prioridade que não pode ser esquecida.

"Acho que o Holocausto pode ser um ponto de partida para ensinar, com base no que aconteceu connosco enquanto minoria, e educar os jovens sobre igualdade, sobre aceitar o outro e sobre estar abertos a outras ideias", disse.

"O Holocausto foi muito mais que Auschwitz, foram seis campos de extermínio e centenas de trabalhos forçados, foi uma tentativa de apagar uma cultura, uma língua, uma nação, foi a destruição de sinagogas e queima de livros", explica Dina Porat.

O 75º aniversário da libertação do campo de extermínio construído pelo regime nazi alemão em Auschwitz-Birkenau, território polaco, pelas forças soviéticas é uma ocasião para lembrar esta prioridade, considera a historiadora.

As comemorações incluem vários eventos organizados pelo Museu, entre os quais um ensaio fotográfico que analisa os remanescentes do campo e que foi exibido na terça-feira com a designação "Auschwitz- O Campo da Morte", e uma exposição única que presta homenagem às vítimas, à medida que os poucos e idosos sobreviventes do campo vão desaparecendo.

O destaque dos eventos comemorativos foi dado a um projeto chamado 'Auschwitz-Retratos de Sobreviventes' - um ensaio fotográfico com sobreviventes do campo de extermínio alemão situado na Polónia, que agora vivem na Alemanha, Polónia, Suécia, Rússia, Estados Unidos e Israel.

Duas cerimónias maiores foram organizadas para assinalar o 75º aniversário da libertação de Auschwitz-Birkenau, pelas forças soviéticas, uma em Jerusalém, que decorreu já na quinta-feira, e outra em Auschwitz, sul da Polónia, que vai realizar-se esta segunda-feira.

A primeira foi marcada pela presença de vários chefes de Estado, entre os quais o Presidente português, e a segunda, no dia 27, será protagonizada por sobreviventes do campo de extermínio.

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