Meteorologia

  • 25 ABRIL 2024
Tempo
15º
MIN 13º MÁX 19º

OIAC defende relatório controverso sobre um ataque químico na Síria

O diretor da Organização para a proibição das armas químicas (OIAC), Fernando Arias, defendeu hoje um relatório dos seus investigadores sobre um presumível ataque com armas químicas na Síria, apesar da divulgação de documentos que questionam as suas conclusões.

OIAC defende relatório controverso sobre um ataque químico na Síria
Notícias ao Minuto

18:58 - 25/11/19 por Lusa

Mundo Organização

Esta decisão coincide com a reunião anual da OIAC que decorre desde hoje e onde se prevê um braço de ferro entre a Rússia e o ocidente, com os investigadores da organização a prepararem-se para designar pela primeira vez os responsáveis de ataques químicos na Síria.

No fim de semana, o portal da Internet WikiLeaks divulgou um correio eletrónico de um membro da equipa que investigou um alegado ataque químico na cidade de Douma em abril de 2008, acusando a OIAC de ter dissimulado irregularidades.

A Rússia e seus aliados tiveram acesso a esta mensagem, e ainda a um anterior documento que também põe em causa as conclusões da OIAC divulgadas em março de 2019.

Moscovo tem questionado sistematicamente a veracidade dos ataques químicos na Síria e afirmado que foram manipulados, rejeitando designadamente o relatório da organização que indica o uso de cloro em Douma durante um ataque que provocou 40 mortos em abril de 2018.

Os ocidentais, com destaque para os Estados Unidos, acusaram na ocasião o regime sírio de responsabilidade pelo incidente, e em represália atacaram instalações militares sírias.

"É natural que qualquer inquérito aprofundado dos membros de uma equipa exprima pontos de vista subjetivos", declarou hoje o diretor-geral da OIAC numa intervenção que deu início à reunião anual dos Estados-membros a organização, com sede em Haia.

"Alguns destes pontos de vista divergentes continuam a circular em certos espaços de discussão pública, mas reafirmo que mantenho a conclusão independente e profissional" do inquérito, acrescentou.

De acordo com o WikiLeaks, um investigador não identificado exprimiu num correio eletrónico as suas "preocupações muito graves", afirmando que o relatório da OIAC "deturpa dos factos" e reflete uma "tendência não intencional".

Fernando Arias indicou que o conteúdo do relatório sobre o incidente em Douma foi comunicado à nova equipa de investigadores responsável pela identificação dos presumíveis autores destes ataques na Síria.

Este primeiro relatório deverá ser divulgado no início de 2020, uma perspetiva que agravou a tensão entre os Estados-membros da organização.

No decurso desta reunião decisiva que decorre até sexta-feira, Moscovo ameaça bloquear a votação do orçamento da OIAC para 2020, caso inclua um financiamento para a equipa de investigadores.

O bloqueio do orçamento poderá colocar graves problemas à organização, mesmo que Estados Unidos, França e Reino Unido considerem garantir suficientes apoios para que seja adotado por larga maioria.

Em 2019, Rússia, Irão e China conjugaram esforços para tentar bloquear o orçamento, por fim aprovado por 99 votos contra 27. Os diplomatas ocidentais esperam obter este ano uma maioria ainda mais ampla, com o objetivo de sublinhar o apoio internacional à OIAC.

Apesar das fortes objeções provenientes da Síria e aliados, a maioria dos 193 Estados-membros votou em junho de 2018 a favor do reforço dos poderes da OIAC, autorizando-a a designar o responsável de um ataque químico e não apenas a documentar a utilização de determinado armamento.

Na ocasião, a Rússia comparou a organização -- prémio Nobel da Paz em 2013 --, a um "Titanic prestes a afundar", ao considerar que se tornou demasiado politizada.

De acordo com diversos diplomatas, o relatório dos investigadores deverá ser publicado em fevereiro ou março.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório