O Presidente chinês considera que as manifestações pró-democracia que há mais de quatro meses assolam as ruas de Hong Kong "desrespeitam seriamente o Estado de direito e a ordem social" neste território semi-autónomo.
Em declarações feitas durante a cimeira do bloco BRICS [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] em Brasília, e reproduzidas pelo jornal oficial do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping considerou mesmo que os incidentes de Hong Kong estão a colocar em causa o princípio que norteia o sistema político "um país, dois sistemas" -- a ideia proposta pelo antigo líder Deng Xiaoping para a unificação da China.
O Presidente chinês disse que Pequim "apoia fortemente" o governo de Hong Kong e a sua polícia, considerando que a tarefa mais importante, agora, é "acabar com a violência e restaurar a ordem".
As declarações de Xi Jinping acontecem no quarto dia consecutivo de manifestações pró-democracia em Hong Kong, que já levaram as autoridades a pedir reforços para conter as ações de violência, que se intensificaram após a morte de um estudante de 22 anos, na passada sexta-feira.
A morte do estudante foi o terceiro caso confirmado de um manifestante atingido a tiro pela polícia, em imagens que foram transmitidas ao vivo por estações televisivas, gerando forte contestação, sobretudo entre os manifestantes mais jovens, que prometeram retaliações.
A contestação social, que dura há mais de quatro meses, foi desencadeada pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.
A proposta foi, entretanto, formalmente retirada, mas as manifestações generalizaram-se e reivindicam agora a implementação do sufrágio universal no território, a demissão da atual chefe do Governo, Carrie Lam, uma investigação independente à violência policial e a libertação dos detidos ao longo dos protestos.