"Hoje anuncio a minha intenção de aplicar, num futuro governo, a soberania de Israel sobre o vale do Jordão e a parte norte do mar Morto", declarou Netanyahu durante uma conferência de imprensa em Ramat Gan, perto de Telavive.
O vale do Jordão representa cerca de 30% da Cisjordânia, território palestiniano ocupado por Israel desde 1967.
O anúncio de Netanyahu ocorre a exatamente uma semana da votação num escrutínio que se prevê muito disputado.
Segundo as sondagens, Netanyahu, que faz campanha à direita e tenta atrair os colonos favoráveis à anexação da Cisjordânia, está praticamente lado a lado com o seu rival do partido centrista Azul e Branco, o antigo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Benny Gantz.
O chefe do governo israelita disse que o plano de paz com os palestinianos preparado pelos Estados Unidos será apresentado dias depois da votação e pediu ao eleitorado israelita o seu apoio para liderar negociações onde procurará anexar colonatos na Cisjordânia ocupada.
Este plano será "uma oportunidade histórica e única para aplicar a nossa soberania aos nossos colonatos na Judeia e Samaria (como Israel designa a Cisjordânia) e em outros lugares essenciais para a nossa segurança, o nosso património e o nosso futuro", adiantou Netanyahu diante de bandeiras israelitas.
A alguns dias das legislativas de abril, Netanyahu já tinha prometido anexar colonatos na Cisjordânia.
A atual administração dos Estados Unidos tem dado um apoio infalível a Israel, tendo o presidente Donald Trump reconhecido Jerusalém (cuja parte oriental foi ocupada e depois anexada) como capital israelita em dezembro de 2017, assim como a soberania do Estado hebreu sobre os montes Golã, ocupados à Síria em 1967, a menos de um mês das legislativas de abril.
A anexação de uma parte da Cisjordânia prometida hoje pelo primeiro-ministro israelita "é uma violação flagrante do direito internacional, um flagrante roubo de terra, é uma limpeza étnica", declarou uma alta responsável palestiniana à agência France Presse.
"Destrói não apenas a solução de dois Estados, mas qualquer espécie de paz", adiantou Hanane Achraoui, da Organização de Libertação da Palestina (OLP).
Mais de 600.000 israelitas e cerca de três milhões de palestinianos vivem, numa coexistência conflituosa, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.