Amazónia: Pecuária e Bolsonaro responsáveis por aumento da desflorestação

A atividade pecuária assim como a retórica anti-ambiental do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, são dois dos responsáveis pelo aumento da desflorestação na Amazónia brasileira, afirmou à agência Lusa a ONG Greenpeace.

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Lusa
01/09/2019 09:47 ‧ 01/09/2019 por Lusa

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Greenpeace

"Acredito que as atitudes de Bolsonaro potencializam a desflorestação. A retórica que ele assumiu foi de desmantelamento da política ambiental do país. Tem feito algumas declarações, como de não querer criar nenhuma reserva indígena, de que já existem muitas unidades de conservação, que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) é uma industria de multas", disse à Lusa Rômulo Batista, biólogo e especialista em Amazónia, da Greenpeace Brasil.

"Todas estas declarações causam um embaraço internacional e encorajam as pessoas que estão dispostas a praticar crimes ambientais na Amazónia. Eles veem as falas do Presidente como se fosse uma licença para praticar a desflorestação, assim como as queimadas que estão a ocorrer", declarou a organização não-governamental (ONG).

De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais brasileiro (Inpe), órgão público que mede a desflorestação no país, nos seis primeiros meses do ano houve um crescimento de 212% nas áreas desflorestadas da Amazónia face ao mesmo período de 2018.

Porém, os valores registados em julho vieram mostrar um aumento muito superior, com a desflorestação da Amazónia a aumentar 278% nesse mês, em relação ao período homólogo de 2018.

Questionada acerca dos possíveis culpados por este aumento, a Greenpeace não tem dúvidas em apontar responsabilidades ao atual chefe de Estado brasileiro, assim como à atividade pecuária.

"Bolsonaro tem um papel fundamental nos problemas que a amazónia vem atravessando nos últimos tempos. Já faz quase oito meses que ele está no poder e até agora não vimos nenhuma medida tomada por este Governo para combater a desflorestação, os focos de incêndio, ou para proteger a Amazónia como um todo", referiu.

"Trata-se de uma área muito grande e é muito difícil identificar nomes ou empresas por detrás destes problemas. No entanto, temos números que mostram que da área que já foi desmatada na Amazónia, mais de 65% é hoje ocupada por pastos, para criação de gado bovino. Então, a pecuária é a atividade que mais promove a desflorestação da Amazónia brasileira", frisou a ONG.

Quando confrontado com os dados do Inpe, Bolsonaro negou-os, considerando-os "fruto de atos de má-fé praticados por funcionários públicos interessados em prejudicar o seu Governo", tendo acabado por exonerar o diretor do órgão, Ricardo Galvão.

Após os dados que refletem o aumento da desflorestação no país sul-americano terem sido difundidos, a Noruega, principal doador do Fundo Amazónia, anunciou o bloqueio de 30 milhões de euros destinados à proteção daquela que é a maior floresta tropical do mundo, acusando Brasília de "já não querer parar a desflorestação".

Criado em 2008, o Fundo Amazónia é mantido, maioritariamente, com doações da Noruega e Alemanha, e é gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social do Brasil (BNDES).

Com os cortes provenientes dos principiais doadores, o ministro do Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, anunciou mesmo a suspensão do Fundo.

A Greenpeace, ONG que atua internacionalmente em questões relacionadas à preservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável, mostrou-se preocupada com a diminuição de verbas destinadas à Amazónia.

"Há muitos anos que o Fundo Amazónia é também usado para financiar ações de fiscalização, operações de combate ao fogo. Dessas verbas usadas no ano passado, 42% tinham objetivos de monitorização, fiscalização, e de combate a incêndios. Então, o corte nesse fundo é um grande problema porque fica-se sem ter como agir na Amazónia", argumentou Rômulo, em declarações à agência Lusa.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta. Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

 

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