Paolo Gabriele garantiu que está inocente da acusação de roubo agravado, embora confesse que tenha traído a confiança do Papa.
"No que concerne ao roubo agravado, declaro-me inocente. Sinto-me culpado de ter traído a confiança que tinha depositado em mim o Santo Padre, que eu amo como se fosse seu filho", disse aos juízes.
O antigo mordomo de Bento XVI disse ter agido só, "sem cúmplice", mas reconheceu ter numerosos contactos no Vaticano.
"Desde 1997, todos me conheciam no Vaticano, e confiavam em mim", acrescentou. Interrogado sobre o número de pessoas com quem se relacionava, Gabriele respondeu "um número enorme", mencionando cardeais entre esses contactos.
"Não fui o único, ao longo dos anos, a fornecer informações confidenciais à imprensa", assegurou.
O julgamento do antigo mordomo do papa, Paolo Gabriele, de 46 anos, e do informático do Vaticano, Claudio Sciarpelletti, de 48 anos, pelo roubo e difusão de centenas de documentos secretos de Bento XVI, começou no Vaticano, no dia 29 de Setembro.
Até à detenção, a 23 de Maio, Paolo Gabriele, laico crente, pai de três crianças, cidadão e residente no Vaticano, era um fiel servidor do papa Bento XVI.
Gabriele, que ficou em prisão domiciliária no Vaticano a 21 de Julho depois de 53 dias de prisão numa célula do Palácio da Justiça, nas traseiras da Basílica de São Pedro, era o primeiro e o último a ver o Papa todos os dias. O mordomo preparava os hábitos de cerimónia e servia as refeições a Bento XVI.
O mordomo é suspeito de durante meses ter furtado ao secretário particular do Papa, monsenhor Georg Ganswein, um elevado número de cartas e correios ultra-secretos, incluindo alguns dirigidos a Joseph Ratzinger, e de os ter fotocopiado para os transmitir para o exterior.
A instrução do processo, que fechou parcialmente a 13 de Agosto, determinou o julgamento de Paolo Gabriele e do informático Claudio Sciarpelletti.