Yang Hengjun, antigo funcionário do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, de 53 anos, foi detido, em janeiro passado, na cidade de Cantão, sul da China, quando fazia escala a caminho da Austrália, e esteve até à data numa espécie de "prisão domiciliária", sem que se soubesse o local ou motivo da detenção.
Segundo Payne, Yang foi na semana passada formalmente acusado de "espionagem".
"O estado de saúde de Yang preocupa-nos muito, assim como as condições sob as quais está detido", disse a ministra australiana, em comunicado. "Se Yang foi detido apenas devido às suas convicções políticas, ele deve ser libertado", apelou.
A ministra disse esperar que "os padrões fundamentais da justiça e equidade processual sejam respeitados".
O caso surge numa altura de tensões entre Camberra e Pequim, que se deteriorou depois de o Governo australiano ter banido a gigante chinesa das telecomunicações Huawei de fornecer equipamento para a construção da rede de Internet 5G na Austrália, no ano passado.
A influência chinesa nos assuntos internos da Austrália e o aumento da presença militar da China no Oceano Pacífico têm vindo a aumentar a suspeição face a Pequim.
O quase total silêncio da China sobre este caso, apesar dos vários apelos da Austrália, e a recusa em permitir visitas consulares ao detido, serviu para aumentar a tensão.
Na segunda-feira, as autoridades australianas revelaram terem apurado que Huang Xiangmo, um empreendedor imobiliário chinês com ligações ao Partido Comunista da China, doou 100.000 dólares australianos (cerca de 61.000 euros) para a sede do Partido Trabalhista Australiano (Oposição), antes da eleições de 2015.
Huang foi proibido de regressar à Austrália em fevereiro passado.
A Austrália tem tentado evitar disputas com a China, que é o seu principal parceiro comercial, mas o comunicado de Payne foi particularmente forte.
"Yang esteve detido em Pequim sob condições duras e sem acusação formal durante mais de sete meses", escreveu.
"Durante este período, a China não explicou as razões da detenção e não permitiu visitas consulares ou de familiares", acusou.
O regime chinês tem um longo historial de prisão de dissidentes, alguns deles a residir no exterior, para depois acusá-los de crimes como subversão.