Quatro mortos e 26 feridos em confrontos em bairro muçulmano de Bangui
Pelo menos quatro pessoas morreram e 26 ficaram feridas em confrontos entre comerciantes e milicianos do bairro muçulmano do PK5 em Bangui, capital da República Centro-Africana (RCA).
© Lusa
Segundo Awad Al Karim, imã da mesquita Ali Babolo localizada no PK5, os confrontos causaram quatro mortos, um comerciante e três membros dos grupos de autodefesa do bairro.
Os Médicos Sem Fronteiras relatam ainda a existência de 26 feridos nos confrontos no bairro da capital da RCA, local onde não existiu violência durante várias semanas.
Desde quarta-feira à noite, o bairro PK5 é palco de disparos envolvendo grupos criminais. Estes confrontos foram deflagrados por crimes crónicos cometidos pelos bandos criminosos contra os comerciantes do bairro", disse hoje o porta-voz da missão da ONU no país (Minusca), Vladimir Monteiro.
O porta-voz da Minusca salientou que foram enviadas patrulhas para o bairro, onde se registaram confrontos entre a noite de quarta-feira e o início da tarde de hoje.
Awad Al Karim explicou que tudo começou com um confronto entre um vendedor de combustível e jovens atiradores, que se recusou a pagar um "imposto" a uma das milícias de autodefesa do bairro.
Em retaliação, dois jovens, que estavam num motociclo, atiraram uma granada contra civis desarmados e um homem de 40 anos foi morto, segundo Awad Al Karim.
O PK5 tem sido palco de violência esporádica desde 2014. Foi neste bairro que muitos muçulmanos de Bangui se refugiaram após confrontos entre rebeldes do Séléka e grupos anti-balaka que devastaram a capital após a queda do Presidente François Bozizé em 2013.
A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.
O Governo centro-africano controla cerca de um quinto do território. O resto é dividido por mais de 15 milícias que procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.
O acordo de paz foi assinado em Cartum, capital do Sudão, no início de fevereiro pelo Governo da RCA e por 14 grupos armados. Um mês mais tarde, as partes entenderam-se sobre um governo inclusivo, no âmbito do processo de paz.
Portugal está presente na RCA desde o início de 2017, no quadro da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização na República Centro-Africana (MINUSCA), cujo 2.º comandante é o major-general Marcos Serronha, onde agora tem a 5.ª Força Nacional Destacada (FND) e tem militares na Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA).
A 5.ª FND, que tem a função de Força de Reação Rápida, integra 180 militares do Exército, na sua maioria elementos dos Comandos (22 oficiais, 44 sargentos e 114 praças, das quais nove são mulheres), e três da Força Aérea.
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