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Historiador pede a Lisboa que reconheça Jerusalém como capital de Israel

O historiador israelita Guy Bechor apelou hoje aos governos de Portugal e Espanha que reconheçam Jerusalém como "capital bíblica" de Israel, recordando o sofrimento da comunidade judaica no tempo da Inquisição.

Historiador pede a Lisboa que reconheça Jerusalém como capital de Israel
Notícias ao Minuto

13:43 - 18/05/19 por Lusa

Mundo Guy Bechor

"Os governos de Portugal e Espanha não reconhecem Jerusalém como capital de Israel, depois dos horrores que fizeram [na época da Inquisição] ao povo judeu. Uma parte da expiação dos seus pecados devia passar por aqui. Pelo menos reconheçam a capital bíblica de Jerusalém", defendeu.

Guy Bechor falava através de uma mensagem de vídeo dirigida aos participantes da segunda Conferência Internacional Presença Judaica em Portugal - Valorizar e recuperar a Herança Perdida, que decorre até domingo em Castelo de Vide, no distrito de Portalegre.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou em dezembro de 2017 a decisão de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e de transferir a sua embaixada de Telavive para Jerusalém, contrariando a posição da ONU e dos países europeus, árabes e muçulmanos, assim como a linha diplomática seguida por Washington ao longo de décadas.

Em maio de 2018, Portugal foi um dos países ausentes na cerimónia de inauguração da embaixada norte-americana em Jerusalém, iniciativa promovida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita.

Além de Portugal, não marcaram presença países como a Espanha, o Reino Unido, a França e Itália.

Na altura, O Governo português, pela voz do chefe da diplomacia, Augusto Santos Silva, opôs-se à decisão da administração norte-americana de transferir a representação diplomática de Telavive para Jerusalém, insistindo que a solução para o conflito passa pela "coexistência" entre Israel e a Palestina.

"O Governo português ficará extremamente feliz no dia em que puder reconhecer Jerusalém como a capital do Estado de Israel, transferindo a sua representação diplomática em Israel de Telavive para Jerusalém, porque esse será o exato dia em que Portugal poderá reconhecer Jerusalém como capital do Estado da Palestina e transferir a sua representação diplomática na Palestina de Ramallah para Jerusalém Oriental", declarou na altura Augusto Santos Silva.

Na sua intervenção no painel subordinado ao tema "Os Judeus Convertidos à Força", Guy Bechor afirmou que existem estatísticas que mostram que "um quarto" da população espanhola tem ascendência judaica e "cerca de 20%" dos portugueses têm também ascendência judaica.

"Há académicos que dizem que só no Brasil há 20 milhões de judeus, descendentes das vítimas da Inquisição", disse.

Guy Bechor recordou ainda na sua comunicação que no tempo da Inquisição saíram de Espanha cerca de 100 mil judeus e outros tantos foram convertidos ao cristianismo, para "salvar" o património, a família e o seu trabalho.

O historiador recordou ainda que a Inquisição "queimou vivos mais de 10 mil judeus", antes de abandonarem Espanha.

A segunda Conferência Internacional Presença Judaica em Portugal prossegue durante a tarde com o tema "Ações e Projetos que Valorizam a Herança Judaica".

No domingo, último dia do encontro, estão agendadas visitas à judiaria de Castelo de Vide e à Ponte da Portagem, no concelho vizinho de Marvão.

A questão de Jerusalém é uma das mais complicadas e delicadas do conflito israelo-palestiniano, um dos mais antigos do mundo.

Israel ocupa Jerusalém oriental desde 1967 e declarou, em 1980, toda a cidade de Jerusalém como a sua capital indivisa.

Os palestinianos querem fazer de Jerusalém oriental a capital de um desejado Estado palestiniano, coexistente em paz com Israel.

Jerusalém é considerada uma cidade santa para cristãos, judeus e muçulmanos.

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