Winston Peters discursava numa reunião da Organização de Cooperação Islâmica (OCI), em Istambul, convocada na sequência dos ataques terroristas contra as duas mesquitas de Christchurch, na Nova Zelândia.
O vice-primeiro-ministro neozelandês indicou aos representantes das nações muçulmanas que "nenhuma punição pode igualar a depravação" do crime, contudo "as famílias das vítimas mortais terão justiça".
Também presente na reunião da OIC, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, elogiou a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, referindo que a sua "reação, a empatia demonstrada e a sua solidariedade com os muçulmanos" deveriam servir de exemplo para todos os líderes.
Erdogan criticou políticos populistas que encorajaram ataques a muçulmanos e a refugiados.
"Políticos que abrem o seu caminho para o poder alienando muçulmanos e criando inimigos a partir dos refugiados devem controlar-se", salientou.
O Presidente turco também pediu que grupos neonazis sejam considerados terroristas.
"Se não mostrarmos a nossa reação de maneira forte, o vírus neonazista irá apoderar-se ainda mais do corpo. Se não levantarmos as nossas vozes, os Governos ocidentais não irão perturbar o seu conforto", acrescentou.
Os países muçulmanos pediram hoje à comunidade internacional que tome "medidas concretas" contra a islamofobia, após o massacre na Nova Zelândia.
A OCI pediu "medidas concretas, abrangentes e sistemáticas para remediar para este flagelo".
A organização pan-islâmica também convocou os países onde as comunidades muçulmanas vivem para "se absterem de quaisquer políticas, declarações ou atos associando o islamismo ao terrorismo e ao extremismo".
A OCI pediu ainda aos Governos de todo o mundo que "garantam a liberdade de culto" aos muçulmanos e "não imponham restrições aos seus direitos e liberdades".
Os países muçulmanos também propuseram criar um 'Dia Mundial da Solidariedade contra a Islamofobia', a 15 de março, o dia do ataque às duas mesquitas em Christchurch.
A polícia da Nova Zelândia anunciou na quarta-feira que identificou as 50 vítimas mortais do duplo ataque às mesquitas de Christchurch, na passada sexta-feira.
Brenton Tarrant, um australiano nacionalista branco de 28 anos reivindicou a responsabilidade pelos ataques às mesquitas Al Noor e Linwood, na terceira maior cidade da Nova Zelândia.
Além de divulgar um manifesto anti-imigrantes de 74 páginas, Tarrant transmitiu em direto na Internet o momento do ataque.