O responsável pela diplomacia sul coreana, Kang Kyung-wha, disse que espera bons resultados da cimeira entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, que se realiza esta semana no Vietname, sobretudo no que diz respeito a uma clarificação sobre as intenções de desnuclearização da península.

Mas Kang Kyung-wha, que falava à margem da 40ª sessão do Conselhi de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, referiu que a Coreia do Sul não ficará sossegada apenas com o fim dos testes nucleares, prometido por Kim Jong-un, dizendo que o processo de pacificação "requer muitos mais passos".

A dois dias da cimeira entre a Coreia do Norte e os EUA, em Hanói, crescem as preocupações sobre o comunicado final do encontro e sobre a real eficácia de um acordo em matéria de armas nucleares na península coreana.

Hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, disse que o seu governo foi consultado por diplomatas norte-americanos, sobre os cenários que se colocam para a cimeira em Hanói, reconhecendo a amplitude de impacto internacional de um eventual acordo.

Os especialistas consideram que, na cimeira, Donald Trump não poderá ignorar o facto de a Coreia do Norte não ter permitido inspeções às suas instalações nucleares, que continuam cobertas por um manto de secretismo, enquanto análises de imagens de satélite revelam que estas permanecem ativas.

Em declarações à Lusa, Tong Zhao, investigador de questões coreanas do centro de pesquisa Carnegie-Tsinghua, com sede em Pequim, reconheceu este fim de semana que "é provável que a Coreia do Norte tenha continuado a consolidar a sua capacidade de dissuasão nuclear ao longo do ano passado".

Por isso, o governo da Coreia do Sul olha com otimismo, mas também com reservas, a cimeira de Hanói, com o responsável da diplomacia a falar na esperança em "resultados substanciais", mas reconhecendo que entre as palavras e os atos vai uma grande diferença.

Hoje, Donald Trump escreveu na sua conta de Twitter que se a Coreia do Norte tiver o arrojo de se livrar de armas nucleares, poderá transformar-se "numa das principais potências mundiais", elogiando a atitude de Kim Jong-un.

"Se não o fizer, será mais do mesmo. O Presidente Kim fará uma boa decisão", acrescentou Donald Trump.

As agências internacionais de informação citavam hoje fontes ligadas às diplomacias norte-coreanas e norte-americanas que falam da "forte possibilidade de um acordo político", que termine formalmente a Guerra da Coreia (1950-1953), que nunca teve um tratado de paz.

Mas as mesmas fontes referem que a questão nuclear será o principal obstáculo a esse acordo político, levantando dúvidas sobre se o roteiro de negociações que conduza a esse tratado ficará assente numa clarificação sobre as reais intenções de Pyiongyang.