A ruptura de uma barragem em Brumadinho, no estado brasileiro de Minas Gerais, resultou num balanço de mortos e desaparecidos alarmante, e que ainda se deverá alterar nas próximas semanas. O desastre deixa um rasto de destruição ao nível humano que revolta a comunidade brasileira, e internacional.

É normal, portanto, que as reações ou homenagens se sucedam nas redes sociais, muitas vezes com recurso a imagens e vídeos do incidente. A informação, porém, nem sempre é totalmente verdadeira. Estes são alguns casos.

Uma das fotografias que se começou a ver primeiro nas redes é a de um elemento do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais a ser abraçado por um homem coberto de lama. A imagem, embora partilhada como se fosse um símbolo da tragédia de Brumadinho, tem na realidade oito anos, conforme explica a BBC.

Foi tirada em 2011 pelo fotojornalista Aislan Henriques e mostra um agricultor que caiu numa cisterna de 17 metros, no Bairro Santa Terezinha em Patos de Minas. Na imagen, abraça um dos bombeiros que o salvou. Entretanto, a fotografia foi partilhada por milhares de pessoas, sobretudo depois de celebridades como Neymar, Tatá Wenerck ou Bruna Markezine terem feito o mesmo.

Imagem foi tirada em 2011© Aislan Henriques

Uma outra imagem mostra uma mulher grávida coberta de lama. Partilhada em grupos de Whatsapp como se fosse consequência da ruptura da barragem, a fotografia tornou-se viral. No entanto, é uma falsa verdade. O retrato mostra efetivamente uma mulher grávida e coberta de lama, mas num evento em Brasília, em 2013. Captada por Eraldo Peres, da Associated Press, é uma das dezenas de imagens do 1° Encontro Nacional do Movimento de Mulheres Camponesas do Brasil, como explica o G1.

Fotografia mostra evento planeado e não incidente em Brumadinho© Eraldo Peres/Associated Press

Um outro exemplo de informação enganosa veiculada à boleia do frenesim mediático é o vídeo abaixo. O "momento exato" da ruptura foi publicado a 25 de janeiro, com informação escassa, mas refere-se a dois incidentes ocorridos em 2015. Uma falha na construção de uma central hidroelétrica em Cuiabá, em outubro, e o desmoronamento da barragem de Mariana, também em Minas Gerais, em novembro.

Sublinhe-se que a Defesa Civil de Minas Gerais informou esta terça-feira que o balanço de mortos subiu para 84, com 276 pessoas ainda desaparecidas.

Segundo a empresa de mineração Vale, no momento da rutura da barragem estariam cerca de 600 funcionários no refeitório. Os corpos encontrados na terça-feira estavam na zona do refeitório da empresa e dentro de um autocarro soterrado.