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Presidente do Zimbabué considera "inaceitável" violência da polícia

O presidente do Zimbabué afirmou hoje que a violência das forças de segurança na resposta à onda de protestos de uma semana contra o aumento dos preços dos combustíveis é "inaceitável e uma traição" e será investigada.

Presidente do Zimbabué considera "inaceitável" violência da polícia
Notícias ao Minuto

15:10 - 22/01/19 por Lusa

Mundo Emmerson Mnangagwa

Emmerson Mnangagwa apelou ainda a um "diálogo nacional" entre os partidos políticos e os líderes das organizações civis contestatárias da política económica do Governo e figuras proeminentes entre os protestantes, ao mesmo tempo que prossegue a onda de detenções e o número de mortos ascende às dezenas.

O Presidente do Zimbabué falava em Harare, capital do Zimbabué, horas depois de regressar ao país, concluindo antes do previsto um longo périplo internacional que deveria terminar com a participação de Mnangagwa no World Economic Forum, em Davos, na Suíça.

O exército zimbabueano continua a patrulhar as ruas das principais cidades do país, pela primeira vez desde as violências pós-eleitorais de agosto último, que mataram seis pessoas.

Desta vez, de acordo com testemunhos de populares à Associated Press (AP), os militares têm invadido residências privadas e espancado pessoas violentamente. Os médicos trataram dezenas de ferimentos por balas e mais de 600 pessoas foram detidas, sendo que a maioria das quais continua encarcerada.

A este propósito, Emmerson Mnangagwa deixou claro que a insubordinação não será tolerada e, "se necessário, irão rolar cabeças".

"As violências ou o mau comportamento das nossas forças de segurança são inaceitáveis (...) as falhas serão objeto de um inquérito, se necessário, irão rolar cabeças", garantiu.

O chefe de Estado zimbabueano defendeu, por outro lado, o forte aumento dos preços dos combustíveis, que tornou a gasolina do país a mais cara em todo o mundo.

"Façamos da economia a nossa prioridade. Façamos da população a nossa prioridade", lançou Mnangagwa nas redes sociais, prometendo sancionar os abusos de autoridade das suas forças de segurança.

Esta mão estendida foi imediatamente rejeitada pelo líder da oposição no país, Nelson Chamisa, que sublinhou através da rede social Twitter que "para dialogar, é preciso ser livre para falar. Hoje, as vozes na nação foram caladas pela prisão ou pelo medo".

"Apelamos ao fim imediato da repressão e do terror", acrescentou o presidente do Movimento para uma Mudança Democrática (MDC).

O Zimbabué foi agitado na semana passada por manifestações violentas contra a subida espetacular do preço dos combustíveis (mais de 150%) decretada pelo Governo, num país já de si estrangulado por duas décadas de crise económica.

As principais cidades do país, incluindo a capital, Harare, e Bulawayo, no sul, vista como um bastião da oposição ao regime, foram teatro de pilhagens e de destruições.

O regime ripostou lançando uma repressão feroz contra o principal sindicato do país (ZCTU) - que tinha apelado a uma greve geral de três dias -, mas também contra várias entidades da sociedade civil e membros da oposição.

"Todos têm o direito de se manifestar, mas esta não foi uma manifestação pacífica", justificou hoje o chefe de Estado, denunciando "violências injustificadas e destruições cínicas".

Pelo menos 12 pessoas foram mortas e 78 feridas por balas, de acordo com o Forum das ONG dos Direitos Humanos no Zimbabué, que escrutinou mais de 240 casos de violências perpetrados pelo exército e pela polícia.

Num relatório publicado hoje, a Comissão Zimbabueana dos Direitos do Homem acusou as forças de segurança do país de "torturas sistemáticas" e deu conta da existência de pelo menos 8 mortos.

As autoridades zimbabueanas apenas confirmam três mortos até agora.

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