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Nova Caledónia decide domingo se permanece francesa ou independente

Os habitantes da Nova Caledónia votam em referendo, no domingo, para decidir se querem ser um Estado independente, mas todas as sondagens indicam que continuarão a ser franceses.

Nova Caledónia decide domingo se permanece francesa ou independente
Notícias ao Minuto

08:32 - 02/11/18 por Lusa

Mundo Referendo

O Presidente francês, Emmanuel Macron, nunca se pronunciou sobre a sua posição face ao referendo para a independência da Nova Caledónia, que decorre no domingo, justificando que essa é uma questão que apenas diz respeito aos habitantes do arquipélago da Oceania, anexado à França.

"Só vos digo que a França ficará muito menos bonita, sem a Nova Caledónia", acrescentou o Presidente francês.

Mas a probabilidade de a França ficar "menos bonita" é diminuta.

Todas as sondagens divulgadas a uma semana do referendo indicam que os habitantes da Nova Caledónia vão preferir manter a sua relação formal com a França, apesar dos 18 mil quilómetros que separam as ilhas de Paris.

A campanha decorreu sem incidentes, com os independentistas a reclamarem o direito à autodeterminação e prometendo reformas políticas profundas e os anti-independentistas a dizerem que, sem a proteção de França, a Nova Caledónia rapidamente se tornaria uma província da China.

Nas inquirições realizadas, a maioria dos eleitores indica estar agradada com a existência de um referendo, mas teme que a independência lhes retire qualidade de vida, apresentando como principal explicação o facto de a Nova Caledónia não estar ainda preparada para cortar amarras com França.

Esta consulta popular acontece após um período de descolonização, de 20 anos, sob as regras do Acordo de Noumea, de 1998, que estabelecia um compromisso da República Francesa para permitir que os habitantes da Nova Caledónia decidissem se queriam ficar como uma "coletividade especial da França", ou tornarem-se independentes, num referendo que deveria acontecer em 2018.

Se a maioria, no domingo, votar "Sim", a França transfere todos as competências (judiciais, políticas e militares) para a Nova Caledónia, que se torna independente e pode pedir adesão às Nações Unidas, sendo criada uma cidadania própria.

Se a maioria votar "Não", o Acordo de Noumea permite ainda dois novos referendos, que poderão acontecer até 2022.

No caso de vencer o "Não", os opositores da independência vão tentar dissuadir os independentistas de tentarem novos referendos, procurando convence-los da sua inutilidade.

Mas elementos do grupo independentista FLNKS (sigla correspondente à Frente de Libertação Nacional Kanak e Socialista), citados pela agência France Presse, mostram-se confiantes quanto à vitória do "Sim" e, se estiverem errados, prometem insistir nos seus argumentos até 2022.

A FLNKS tem até já planos para a pós-independência, dissolvendo o atual Congresso que seria substituído por uma Assembleia Nacional, com membros eleitos nas assembleias provinciais e representantes dos círculos eleitorais.

O Partido Caledoniano, anti-independentista, prefere manter o 'status quo' e introduzir uma cláusula que permita um referendo sobre a independência, a cada 25 anos, e alterar a atual organização política, procurando formas mais estáveis de governo autónomo.

Os anti-independentistas têm insistido nas vantagens da ligação a França, nas questões de defesa.

Na reta final da campanha, estes grupos têm passado a mensagem de que, com a independência, a Nova Caledónia ficaria vulnerável à esfera de influência chinesa.

O governo francês tem procurado não se imiscuir na discussão, com o primeiro-ministro e o presidente franceses a nunca declararem as suas posições, remetendo qualquer decisão para os eleitores da Nova Caledónia.

O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, já anunciou que visitará a Nova Caledónia, na segunda-feira, para analisar o resultado do referendo, com as autoridades locais.

Nenhum partido francês apoia a independência, enquanto o Partido Republicano e a Frente Nacional têm feito campanha para que a Nova Caledónia se mantenha francesa.

Em termos internacionais, os movimentos independentistas têm tido apoio dos separatistas catalães e de grupos pós-independência na Polinésia Francesa.

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