A estratégia da CART-Cell consiste em habilitar linfócitos T, células de defesa do corpo, com recetores capazes de reconhecer o tumor. O ataque é contínuo e específico e, na maioria das vezes, basta uma única dose.
A Cart-Cell é especialmente indicada para o tratamento de linfomas e de leucemia linfoide aguda, que é o cancro mais comum entre as crianças. Os estudos iniciais indicam que a taxa de sucesso é superior a 80%, em média.
Todavia, o oncologista e um dos principais autores do projeto Jae Park, afirma que até agora muitos dos pacientes envolvidos em ensaios clínicos ainda só foram acompanhados durante pouco mais de um ano, no máximo, dado o caráter recente da terapia Cart-Cell.
Park, médico no Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, estudou e acompanhou durante cinco anos e meio 53 pacientes que padeciam de leucemia linfoblástica, e que receberam esta imunoterapia.
Antes de receberem a dose única de Cart-Cell, os clínicos recorrem à quimioterapia para eliminarem o maior número possível de células cancerígenas. Park e os seus colegas concluíram que os pacientes menos doentes reagiam mais positivamente à terapia, com menos menos efeitos secundários, tais como o potencial inchaço do cérebro, que pode ser fatal.
O que segundo o oncologista não é de todo surpreendente, mas considera essa informação fundamental para se entender como a Cart-Cell poderá ser melhor utilizada no futuro.
Para Park, os resultados indicam que saber o quão doente a pessoa está antes do tratamento poderá ser um bom indicador de quem irá responder melhor à terapia e de quem poderá não recuperar tão bem.
Mais ainda, as conclusões retiradas também confirmam o que muitos oncologistas e especialistas já suspeitavam há muito, sobre como a CART-Cell poderá ser mais eficazmente aplicada: quanto mais forte estiver o sistema imunitário e quanto mais cedo for administrado o tratamento, maior será a probabilidade de remissão da doença. As duas atuais imunoterapias Cart-Cell aprovadas pela FDA, estão a ser aplicadas em doentes que já foram submetidos a outros tratamentos e que não foram bem sucedidos, incluindo quimioterapia e transplantes de medula óssea.
Park e a sua equipa pretendem estudar os pacientes tratados com CART-Cell, após somente um ou dois ciclos de quimioterapia. “Não queremos estar à espera que os pacientes falhem noutras terapias, e utilizar a CART-Cell para os tentar salvar. Queremos que esta imunoterapia seja aplicada antes dos outros tratamentos, numa fase inicial, para que não tenhamos que os salvar”, diz. “Deste modo, os doentes responderão melhor à CART-Cell e talvez seja assim possível encontrar uma cura definitiva para o cancro”.