Alucinações silenciosas e coloridas que podem envolver rostos, desenhos, objetos ou meras linhas. Alucinações que afetam quem não vê. Falamos da Síndrome de Charles Bonnet, uma doença que se carateriza "pela presença de alucinações visuais simples (linhas, flashes de luz) ou complexas (pessoas, animais) em pessoas com défice visual grave ou cegas".
A explicação é do psiquiatra Pedro Esteves, que, num comunicado enviado às redações, revela que "estima-se que afete entre 10 a 40% dos adultos que passam por perdas significativas de visão". Segundo o especialista, "a valorização dos sintomas junto do médico é essencial para a redução do transtorno emocional causado por esta doença", sendo que o tratamento passa tanto pela medicação, como também pelo acompanhamento psicológico.
Para o também membro da Associação Cérebro & Mente, "as pessoas que o doente vê [nas alucinações], em geral, são mudas ou não emitem som" e essas mesmas "alucinações podem durar minutos ou até horas", afetando consideravelmente a saúde emocional da pessoa, mesmo sabendo-se que "o doente geralmente tem consciência que as alucinações não são reais".
A causa da doença, diz o especialista no mesmo comunicado, está "relacionada com a ausência de informação visual que chega ao cérebro, o que o leva a criar as suas próprias imagens", que tanto podem "ser simples (linhas, flashes de luz) ou complexas (pessoas, animais)".
A Síndrome de Charles Bonnet vai ser um dos temas em debate no 8º Encontro Internacional Psicogeriátrico, que se realiza no Hotel Dom Pedro Golf (Vilamoura) entre os dias 2 e 4 de novembro.