É comum queixar-se ou ouvir alguém queixar-se de não conseguir dormir bem em noites mais quentes. A verdade é que há cientificamente uma ligação estreita entre a temperatura ambiente e o sono.
E foi sobre isso que se debruçou o investigador Nick Obradovich. O norte-americano, especialista em mudanças climáticas, concluiu que se continuarmos no ritmo de hoje, o aquecimento vai causar muitas noites de insónias até 2099, literalmente.
O estudo, publicado em maio na revista Science Advances associa o aumento da temperatura nocturna aos relaris de noites agitadas e em claro nos lençóis.
"O sono humano depende da temperatura ambiente para sua regulação", afirmou ao HuffPost. "Quando a temperatura ambiente é excepcionalmente quente, quando não deve ser, isso pode indicar interferências nos padrões de sono", acrescentou.
Para testar esta teoria, Obradovich, e outros três investigadores, compararam as respostas de 765 mil pessoas nos Estados Unidos que responderam a questões entre 2002 e 2011. Em noites mais quentes do que o normal, mais pessoas disseram que tiveram maior dificuldade em adormecer ou em permanecer adormecido.
Além de todas as catástrofes associadas ao aquecimento do planeta (subida do nível do mar, o desaparecimento de muitas espécies, secas extremas, tsunamis e tempestades cada vez mais frequentes), o problema da falta de sono, sabemos, está associado a diversos problemas de saúde: problemas cardíacos, obesidade e doenças do foro mental.
"As pessoas mais pobres são mais propensas a sofrer interrupções do sono, provavelmente devido ao fato de que não têm ar condicionado ou, caso tenham, não podem arcar com o custo de usá-lo toda a noite durante o verão", disse Obradovich.
"Não é apenas o sono. É o sono dentro de um panorama maior de outros fatores que a mudança climática influencia", sustentou ainda.