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Mundet Factory: Uma volta ao mundo a cada refeição

"Daqui saiu cortiça para o mundo, agora cabe a mim enquanto chefe trazer o mundo até nós", este é o lema do chef João Macedo para o seu restaurante Mundet Factory. Fique a saber tudo.

Notícias ao Minuto

08:31 - 13/01/17 por Vânia Marinho

Lifestyle Reportagem

A zona Ribeirinha do Seixal tem um novo restaurante que promete um regresso ao passado glorioso e uma volta ao mundo sem sair da mesa.

Chama-se Mundet Factory, localiza-se nos antigos refeitórios da fábrica Mundet. À sua frente tem o chef João Macedo, que chegou aos finalistas do programa MasterChef. 

O Lifestyle ao Minuto foi conhecer o espaço, falar com João Macedo e provar algumas das criações. Abaixo pode ler a entrevista e na galeria de imagens pode percorrer o espaço e a refeição que fizemos.

Já tinha uma certa relação com este espaço da antiga fábrica Mundet. Sempre sonhou fazer alguma coisa aqui?

Se há momentos para nós jovens da margem sul, este é o espaço. Os eventos sociais e culturais que havia no concelho do Seixal eram feitos aqui, nestes refeitórios. Março Jovem, SeixalJazz, aqui é que a gente começou desde os 12, 13 ou 14 anos a ter uma ligação com a cultura e a desenvolver também as nossas capacidades sociais. Desde miúdo que olho para isto com um ar majestoso e quando alguma vez pensei em abrir qualquer espaço, olhava para isto e estava vazio, fechado, abandonado e dizia sempre aos meus amigos, é aqui que eu quero abrir.

Nessa altura já sonhava em abrir um restaurante seu?

Bem, a minha vida começou noutra vertente. Sempre fui relações públicas de discotecas e gerente de bares e discotecas. Sempre trabalhei nessa área dos 20 até aos quase 30 anos e durante essa altura não pensava muito em culinária nem em gastronomia. Claro que o meu pai, Capitão de Mar e Guerra da Marinha que sempre geriu as messes, fez com que esse gosto estivesse sempre atrás de mim. Ele é cabo-verdiano e as comidas do mundo sempre estiveram em minha casa. A minha mãe é uma excelente cozinheira. E, claro, quando começou a surgiu o bichinho, surgiu-me logo a ideia de abrir um restaurante. No final do curso de gestão hoteleira isso ainda ficou mais claro.

Como foi parar ao MasterChef?

Depois do curso estava a estagiar no hotel Mundial, no Rooftop, e por brincadeira a minha mulher inscreveu-me. Fui passando até aos finalistas, mas, claro, aquilo também é um misto de qualidade com um misto de carácter. As pessoas nestes concursos também procuram personalidades. Quando fui para lá foi com o objetivo de aproveitar ao máximo para depois também poder abrir o meu espaço.

O que aproveitou da fábrica antiga?

Aproveitamos [João, que conta com o pai e Sérgio como sócios, e a sua equipa] tudo o que conseguimos, tive a sorte de ter esta abertura por parte da Câmara Municipal do Seixal. Andámos meses a fio no meio da fábrica ‘à cata’, tivemos sorte de encontrar o ‘lettering’ exterior que é de 1910, que estava todo dobrado debaixo de entulho. A frente do balcão do bar é um tapete rolante onde a cortiça era transportada dentro da fábrica, temos as rondas dentadas que tirámos das máquinas, o ‘back bar’ é feito com materiais da fábrica, as mesas são as originais dos refeitórios – as pessoas comiam nestas mesas, e até as portas da fábrica aproveitámos.

Isto dá-me gozo a mim e tenho visto que a sociedade aqui em redor também fica maluca, porque o pai, o avô, o tio, toda a gente trabalhou aqui. Esta fábrica esteve a laborar durante 80 anos no concelho do seixal. Nos anos 50, um terço da população do Seixal trabalhava para a Mundet, estamos a falar de um impacto social e histórico louco – que agora foi reavivado. 70% das pessoas que se sentam à mesa, quando eu vou lá, dizem que brincaram aqui ou que tinham aqui alguém a trabalhar. Isto dá-me um grande gozo. Este esforço todo era para isto. Não queria abrir mais um restaurante, mais um café ou mais um bar, queria abrir algo que tocasse nas pessoas, e estamos a conseguir fazê-lo

Teve apoio da Câmara do Seixal?

Chegámos a um acordo para fazer hasta pública e nos cederem o espaço. Apresentámos um projeto fidedigno, cheio de valores, e foi isso que a Câmara viu em nós, que não íamos destoar o património. Dão-nos apoio total, agora vamos começar com a segunda fase que é a esplanada – mil metros de esplanada virada para o rio - e a Câmara apoia com a jardinagem. Também damos descontos aos funcionários da Câmara Municipal do Seixal – que são quase 1.700. Acordámos ainda no contrato que o Março Jovem e o SeixalJazz são feitos aqui, pelo menos em um dos dias. Só assim, [em parceria] é que isto faz sentido.

O que é que se pode esperar da cozinha do mundo do restaurante Mundet?

Fiquei conhecido no programa pelas comidas do mundo. A minha família é cabo-verdiana e eu viajava muito enquanto era novo, por isso tive várias influências. Adoro comida portuguesa mas fascina-me o além mar, o descobrir coisas novas, as misturas de doces e salgados. Adoro ver que em Lisboa já começa a haver comidas do mundo, mas em restaurantes separados. As pessoas da margem sul não conhecem tanto as comidas do mundo, porque não há oferta disso. A minha ideia foi num só sítio dar essa oferta e possibilitar que num só dia se faça uma viagem pelo mundo à mesa.

A Fábrica Mundet foi a maior exportadora de cortiça do mundo e tinha fábricas em vários países. Tendo isto e os meus gostos em conta, a minha ideia foi: Bem, daqui saiu cortiça para o mundo, agora cabe a mim enquanto chefe trazer o mundo até nós.

Por isso temos tacos, nachos, koftas (espetadas turcas), moule à la crème, temos moqueca, que eu faço de polvo; vamos a Goa provar um caril; depois vamos à Argentina comer um belo bife com molho chimichurri e as suas empanadas. Não destoando face às tradições aqui da terra, por isso temos choco frito com uma açorda de coentros - a minha versão de choco frito leva uma polme com tinta de choco, por isso o choco frito é preto; leitão a baixa temperatura com batata doce roxa. Sem esquecer as pizzas a forno a lenha tanto para quem não conhece como para quem não se quer aventurar tanto.

Têm menu de degustação?

Neste momento não, mas planeamos abrir uma sala privada, ‘Coporate Room’, onde queremos começar a desenvolver uma degustação. Mas temos muitos projetos em ação, desde a esplanada aos eventos, queremos começar a fazer festivais, pois temos um ringue de futebol para utilizar. A ideia é ir devagarinho.

Em termos culturais, o que é que já está em agenda?

A parte cultural é como a gastronomia e a cocktailaria uma grande vertente da Mundet Factory, porque é isso que nos faz ligar ao que isto era. A Mundet Factory tem dois pontos que quisemos focar: O passado da fábrica e as memórias dos anos 90 que isto nos deu. A memória da fábrica já está em todos os detalhes do espaço, agora a parte cultural será dividida em duas partes: exposições de arte e a parte musical/espetáculos. Arrancámos com o Nuno Perestelo, com a exposição que ele fez no mestrado dele na Suécia, sobre os grandes colossos que foram abaixo. De dois em dois meses vamos mudar de exposição. Em termos de música, às sextas e sábados estamos sempre a potenciar bandas locais de vários estilos.

Daqui saiu cortiça para o mundo, agora cabe a mim enquanto chefe trazer o mundo até nósComo aprendi que nos negócios se andarmos com umas palas e andarmos sozinhos não vamos a lado nenhum, também vamos fazendo parcerias – que já começámos com os sapatos da Ushindi, uma marca portuguesa de jovens dinamizadores e diferenciadores, com os ginásios Kalorias e com uma pasteleira artesanal da terra, que vai poder apresentar os seus produtos aqui.

Que projetos têm mais para o futuro?

Estamos a estudar a possibilidade de fazer workshops, ‘team buildings’.

Morada: Praça 1.º de Maio, Seixal

Horário até março: 12h às 15h; 19h às 24h. À sexta e ao sábado fecham às 2h/2h30 e estão fechados à segunda-feira.

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