Equipa de investigadores espanhóis observou que em algumas aldeias das ilhas Trobriand, localizadas ao largo da costa leste de Papua Nova Guiné, o sorriso não se associa à alegria.
“Interpretam [o sorriso] como um convite social, como a magia da atração”, explica o psicólogo espanhol José Miguel Fernández Dols, que liderou a equipa de investigadores da Universidade Autónoma de Madrid neste estudo.
Esta é uma enorme descoberta no seu campo pois a comunidade científica atualmente acredita que as expressões faciais das emoções não são determinadas pela cultura, mas têm uma origem biológica e são universais.
Sendo que o pai desta teoria é o psicólogo norte-americano Paul Ekman que defende que as expressões das cinco emoções – alegria, tristeza, raiva, medo e nojo – são reconhecidas por qualquer pessoa e em qualquer parte do mundo.
Fernández Dols e a sua equipa não concordam. Estudaram os rostos de centenas de desportistas olímpicos a receber a medalha de ouro, de uma centena de pessoas a ter um orgasmo, de 174 lutadores de judo a ganhar as lutas, de fãs de futebol a festejar e até de 22 toureiros em ação e concluíram que as expressões faciais, como o sorriso, são muito mais ferramentas de interação social do que uma representação de uma emoção básica interna, como reporta o El País.
O investigador destaca: "A indústria da felicidade gera milhões de euros e parte é porque o sorriso está por trás felicidade. As expressões faciais são estratégias interativas. As crianças, quando caem, só choram quando eles veem a sua mãe".
Carlos Crivelli, colega de Fernández Dols, mostrou seis fotografias com expressões típicas de alegria , tristeza, raiva, medo e nojo e outro rosto neutro a 68 crianças e adolescentes das lhas Trobriand. Fizeram o mesmo a 113 jovens de Madrid.
Em Trobriand apenas 58% das crianças e jovens associaram o sorriso à alegria, 46% acertaram na expressão de tristeza, 31% na do medo, 25% na expressão de nojo e 7% na da raiva. Na ilha de Matemo, um ilha em Moçambique, os investigadores obtiveram resultados semelhantes.
Já em Madrid quase todos os participantes agruparam as emoções básicas com as suas supostas expressões faciais universais.