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A diabetes e a morte cardiovascular: Solução à vista?

Estudo demonstra que a substância anti-diabética liraglutido reduz a morte cardiovascular de doentes com diabetes tipo 2 em 22%.

A diabetes e a morte cardiovascular: Solução à vista?
Notícias ao Minuto

08:30 - 16/08/16 por Vânia Marinho

Lifestyle Entrevista

Um estudo publicado na revista New England Journal of Medicine demonstrou a eficácia do liraglutido (antidiabético) na redução da mortalidade e do risco de eventos cardiovasculares graves em doentes com diabetes tipo 2 - a principal causa de morte nestes doentes.

O Lifestyle ao Minuto falou com o professor Davide Carvalho, diretor do Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Centro Hospitalar S. João e Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, sobre a relação entre a diabetes e as doenças cardiovasculares e esta substância anti-diabética que se tem mostrado promissora.

A diabetes e as doenças cardiovasculares

O especialista começa por explicar que diabetes mellitus é uma doença que se caracteriza pela existência de hiperglicemia, ou seja níveis elevados de açúcar no sangue. E o açúcar elevado no sangue condiciona alterações nomeadamente ao nível dos grandes vasos e dos pequenos vasos que vão ser responsáveis pelas complicações da diabetes.

Destaca: “Por isso é que a diabetes é a principal causa de cegueira no mundo ocidental”, bem como de insuficiência renal e de amputação não traumática dos membros.

“Também as doenças ditas cardiovasculares, nomeadamente o enfarte do miocardio, o AVC e a dificuldade de oxigenação ou vascularização do coração e do cérebro são duas a quatro vezes mais frequentes nos doentes diabéticos e são a principal causa da diminuição da esperança de vida dos doentes diabéticos”, explica.

Em média os doentes diabéticos com cerca de 70 anos vivem em média menos sete anos do que a população em geral. E isto resulta deste aumento da mortalidade cardiovascular.

O grande problema da diabetes tipo 2, sublinha, apesar da divulgação dos sintomas, é que “quase 50% dos doentes não sabem que são diabéticos. E muitas vezes a primeira manifestação da diabetes é um evento cardiovascular”.

Explica que a grande causa disto é que habitualmente os doentes não vão ao médico – ou não falam dos sintomas ao seu médico.

Tratamentos controlam a glicemia, e a mortalidade?

O professor Davide Carvalho explica que apesar de existirem tratamentos – como a administração de insulina, o grupo da metformina e novas classes terapêuticas – para controlar a glicemia, a maioria dos estudos não tem conseguido demonstrar o seu sucesso na redução da mortalidade total e da mortalidade cardiovascular.

E é aqui que a substância anti-diabética liraglutido se destaca. Pois um estudo recente publicado na revista New England Journal of Medicine conseguiu provar que esta substância reduz em 22% a morte cardiovascular de doentes com diabetes tipo 2 e a morte por qualquer causa em 15%.

O especialista fala mesmo numa "nova era" pois a substância traz a "possibilidade de retribuir a estes doentes uma sobrevida idêntica à da população em geral".

O que distingue o tratamento com liraglutido?

“Curiosamente este medicamento atua sobre vários fatores relacionados com a própria doença cardiovascular, não se limita a controlar a glicemia. Tem um efeito benéfico reduzindo o peso, tem a vantagem de não dar baixas de açúcar – que se sabe que se associam ao aumento das complicações cardiovasculares –, reduz a pressão arterial, promove a perda de sal pela urina e tem um efeito benéfico sobre os lípidos (as gorduras no sangue)”.

Este medicamento já existe no nosso país e é comparticipado pelo Serviço Nacional de Saúde para doentes com um Índice de Massa Corporal superior a 35. Provavelmente outros doentes também poderão vir a beneficiar deste medicamento se houver a possibilidade de uma prescrição eventualmente mais alargada a doentes com IMC abaixo dos 35 e que já tenham tido eventos cardiovasculares, por exemplo.

O medicamento terá duas limitações: é injetável – obriga a uma administração diária para o resto da vida, em doses relativamente bem definidas – e o preço – apesar de não ser tão astronómico como o tratamento da hepatite C (com cerca de 8 a 15 mil doentes), pois se estima que em Portugal há 800 a 900 mil doentes com diabetes tipo 2.

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