Alergia vs intolerância alimentar. Lillian Barros explica a diferença

Cansado? Irritado? Inchado? Com comichão? E se a sua alimentação estiver a deixá-lo doente? Falamos com a nutricionista Lillian Barros e temos aqui todas as respostas acerca da diferença entre alergia e intolerância alimentar.

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Daniela Costa Teixeira
26/01/2016 09:00 ‧ 26/01/2016 por Daniela Costa Teixeira

Lifestyle

Saúde

Por muito correta, equilibrada e, até mesmo, saudável que uma alimentação seja, cada pessoa tem uma forma muito própria de reagir à ingestão e digestão de determinados alimentos. E é aqui que podem ocorrer situações de intolerância e alergia alimentar.

O Lifestyle ao Minuto falou com a nutricionista Lillian Barros, que explica, agora, tudo o que é preciso saber sobre a diferença entre alergia e intolerância alimentar.

A alergia alimentar, diz a especialista, é “uma reação imunológica, mediada por IgE específicas [Imunoglobulina E], que ocorre após a ingestão ou contacto com um determinado alimento”. Neste caso, as manifestações clínicas, ou seja, as reações alérgicas, “são geralmente imediatas” e “intensas”, podendo ocorrer “cerca de uma a duas horas após a ingestão do alimento nocivo e que é facilmente identificado”.

Já na intolerância alimentar, “há a formação de anticorpos IgG [Imunoglobulina G] dirigidos contra proteínas dos alimentos”. Nestes casos, “o organismo não consegue digerir completamente alguns alimentos, provavelmente devido a uma deficiência enzimática do sistema digestivo, ou outro mecanismo desconhecido".

Perante uma intolerância alimentar, “existe a produção de substâncias, que o organismo reconhece como estranhas causando uma reação de sensibilidade alimentar”, ou seja, “micro-inflamações internas, variando o aparecimento dos sintomas entre um a três dias após a ingestão do alimento nocivo”.

E é esta demora no aparecimento de sintomas que faz com que haja “uma despreocupação geral em relação à deteção das intolerâncias alimentares, apesar destas resultarem em efeitos nefastos para a nossa saúde, com consequências a médio longo prazo”.

Apesar de não serem imediatas e de terem uma intensidade menor, “a curto prazo, as suas consequências podem ser muito desagradáveis em termos de bem-estar geral, de qualidade de vida e até mesmo no equilíbrio imunitário que nos permite proteger contra o desenvolvimento de variadíssimas doenças”, alerta a nutricionista clínica.

Como identificar o ‘alimento vilão’?

“Qualquer pessoa pode desenvolver uma intolerância a qualquer alimento, principalmente se o alimento em questão for consumido em grandes quantidades e ao longo de muito tempo. Uma alimentação monótona e pobre em variedade poderá resultar em intolerâncias alimentares”.

Ao Lifestyle ao Minuto, Lillian Barros explica que é difícil encontrar uma “associação de causa-efeito” no caso da intolerância alimentar, uma vez que a reação ao alimento pode tardar a chegar. Contudo, existem formas de detetar o vilão.

Os testes de intolerâncias alimentares (por via de recolha sanguínea ou bio-ressonância eléctrica) mostram-se “válidos no sentido de conseguir identificar, de forma rápida e precisa, quais os alimentos ou grupos alimentares que estão na origem das manifestações clínicas relatadas em consulta”. Nestes testes, os resultados obtidos classificam os alimentos e aditivos como ‘permitidos’, ‘pouco aconselháveis’ e ‘proibidos’, sendo estes os alimentos a evitar.

Mas também é possível “optar por fazer um autoconhecimento com técnicas de tentativa erro”. Trata-se de “uma avaliação muito mais morosa, mas igualmente eficaz”, diz a nutricionista, que indica que “é uma alternativa válida”, já que o custo dos testes de intolerâncias alimentares é elevado e que, “regra geral, os que são oferecidos em promoções e a valores muito reduzidos podem deixar a desejar em termos de qualidade”.

Para a “avaliação da sintomatologia” face à ingestão de determinados alimentos, Lillian Barros aconselha “manter uma dieta de restrição e exclusão alimentar, com uma duração limitada não superior de 5-7 dias”.

“Após estes dias de exclusão, deverá começar a incluir de forma faseada e independente, cada um dos alimentos suspeitos com cerca de uma semana de intervalo”, explica, indicando que é importante manter um “registo de todo e qualquer consumo alimentar, seja ele sólido ou líquido, assim como de qualquer desconforto sentido”.

Cansado? Irritado? Inchado? Com comichão? Talvez seja do tomate que usa no refogado das suas refeições. Durante uma semana, experimente excluir o tomate da sua alimentação e se continuar a sentir alguns dos sintomas mais comuns, saberá que tem que encontrar outro alimento vilão.

“A associação do desconforto com a alteração ou introdução do alimento traduzirá a causa efeito do seu estudo”, diz, alertando que “a terapêutica farmacológica pode ser a resposta” em alguns casos.

Mas quando se fala em intolerância alimentar, é comum pensar-se apenas no leite e na intolerância à lactose. No entanto, continua a especialista, “são vários os alimentos que podem provocar intolerância alimentar”, sejam ou não saudáveis do ponto de vista nutricional.

“Para além da intolerância à lactose, muito frequentemente detetamos intolerâncias a alimentos como ovos, nozes, marisco, trigo, chocolate, porco, frango, tomate, fruta, queijo, levedura e alguns aditivos”, diz a nutricionista e também autora do blogue Santa Melancia.

Para o esclarecimento de outras dúvidas acerca da alergia alimentar, pode consultar o site da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica.

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