‘Querida, vamos fazer amor?’. ‘Não, estou cansada’. O diálogo é o mais comum entre recém pais. Eles mantêm o desejo, elas perdem as formas, não se sentem atraentes e estão cansadas.
Ana Alexandra Carvalheira, psicoterapeuta e investigadora do ISPA (Instituto Superior de Psicologia Aplicada) - Instituto Universitário, diz ao Diário de Notícias (DN) que o nascimento de um filho afeta diretamente a atividade sexual do casal, em especial nas mulheres pois sentem ‘na pele’ as mudanças físicas que uma gravidez provoca.
"Além do cansaço físico, com a amamentação sobem os níveis de prolactina, o que faz diminuir o desejo sexual. Por vezes, faz-se episiotomia e episiorrafia [corte e sutura na zona do períneo] para facilitar o parto e fica uma lesão que causa desconforto e dor, capazes de comprometer a excitação sexual da mulher", explica a especialista, salientando, porém, que se pode tratar apenas de uma questão temporária, podendo a mulher chegar à forma antiga algumas semanas depois.
Embora os homens mantenham o desejo por sexo, alguns ficam com menos apetite depois de a mulher dar à luz. "A mulher ganhou peso, não está na sua melhor forma, pelo que há homens que têm menos desejo após o parto", explica Sofia Nunes Silva, psicóloga de família.
“Não se pode perder de vista o binómio homem-mulher e é preciso investir na relação. É importante a mulher querer, perseguir o prazer sexual e não negligenciar a sua sexualidade”, diz Ana Alexandra Carvalheira, lembrando que as mamas “são do bebé durante o período de amamentação. Enquanto antes eram uma fonte de prazer para a mulher, perdem toda a carga erótica que tinham”, lê-se no DN.
Ambas as especialistas dizem que há uma forma de escapar a esta situação que degrada a relação: o casal deve ver este período como algo temporário, que passará e tudo votará ao normal. Contudo, alguns casais não resistem ou passam anos a fio com uma vida sexual quase nula, em que a falta de desejo e disponibilidade de um dá origem à falta de desejo e vontade de outro.