A saúde mental é tão importante como a saúde física, mas nem sempre é encarada com o mesmo nível de preocupação, desvalorizando-se, não raras vezes a sintomatologia associada. Embora essa perspetiva tenha evoluído ao longo do tempo e gradualmente venha a ser atribuída à saúde mental a importância que de facto tem, nunca é demais destacar o seu impacto.
A esse propósito, e por ocasião da passagem do Dia Mundial da Saúde Mental, que se assinala esta sexta-feira, dia 10 de outubro, a seguunda edição do Estudo Nacional de Saúde - Estado de Saúde Geral da População Portuguesa, desenvolvido pela Marktest para a Medicare indica que, no último ano, quase 50% dos jovens adultos tiveram sintomas associados a problemas de saúde mental, de que constituem exemplo a ansiedade, burnout, ataques de pânico ou depressão.
Traçando um retrato das diferenças na forma como a saúde mental afeta os portugueses, o estudo dá conta de variações significativas entre faixas etárias e géneros, mostrando um fosso persistente entre a necessidade de apoio e o acompanhamento efetivo, uma elevada incidência de sintomas relacionados com a saúde mental e uma percepção generalizada de falta de valorização do tema no contexto profissional.
Mais de 30% da população afetada por sintomas do foro mental
Segundo os resultados da pesquisa, foram 34,6% os portugueses entre os 18 e os 64 anos que sofreram de problemas de saúde mental nos últimos 12 meses, observando-se uma incidência acima da média global nos jovens adultos: 49,8% entre os 18 e os 24 anos, e 41,7% entre os 25 e os 34 anos.
Conclui também este estudo que quase um terço da população (29,7%) admitiu ter sentido necessidade de recorrer a um profissional de saúde mental no último ano, sendo que esta percentagem sobe para 42,1% na faixa etária dos 18 aos 24 anos, para 36,9% entre os 25 e os 34 anos, e para 37,7% consideradas apenas as respostas dos indivíduos do género feminino.
Saliente-se que não obstante a necessidade sentida por cerca de 30% dos indivíduos de recorrer a um especialista em saúde mental no último ano, apenas 17,1% acabaram por ter uma consulta de especialidade.
Cerca de 60% entendem que saúde mental não é valorizada no trabalho
Também quase 30% dos portugueses (29,3%) afirmam não se sentir à vontade para falar sobre saúde mental com familiares ou amigos. A análise por faixas etárias permite perceber, porém, que os jovens dos 18 aos 24 anos manifestam maior abertura para discutir o tema, ao contrário dos restantes grupos etários.
O estudo mostra ainda que 41,7% das mulheres reportaram sintomas de ansiedade, burnout e depressão, entre outros, face a 27% dos homens. Nesta senda, acabam por ser as mulheres quem mais sente necessidade de procurar ajuda e recebe esse acompanhamento.
Também cerca de 60% da população portuguesa considera que a saúde mental não é devidamente valorizada na empresa ou instituição onde trabalha, uma percepção particularmente evidente na faixa etária dos 45 aos 54 anos e entre aqueles que sentiram necessidade de procurar ajuda profissional ou tiveram sintomas.
"A saúde mental é uma dimensão crítica do bem-estar e da produtividade. Quando seis em cada dez portugueses sentem que não é valorizada no trabalho, estamos perante um desafio também económico e social. O estudo evidencia essa realidade e mostra a importância de respostas acessíveis, incluindo soluções digitais que aproximam o apoio dos cidadãos”, conclui Filipe Freitas Pinto, diretor médico da Knok Healthcare, citado em nota de imprensa.
O Estudo Nacional de Saúde - Estado de Saúde Geral da População Portuguesa, é baseado numa amostra representativa da população portuguesa e permite cruzar resultados por género, região, idade e classe social, não só na saúde mental, mas também em dimensões como o sono, o stress, a utilização de serviços de saúde e comportamentos digitais na área da saúde, incluindo o uso da inteligência artificial.
Tendo em conta a dimensão e profundidade do Estudo desenvolvido pela Marktest para a Medicare, uma reconhecida fonte sólida e comparável sobre o estado da saúde em Portugal, as conclusões e resultados sobre estes indicadores serão divulgadas nos próximos meses.
Caracterização da amostra
Este estudo tem por base uma amostra de 953 inquiridos. A recolha da informação foi conduzida através de entrevistas online, junto de uma amostra representativa e proporcional ao universo em estudo – Portugueses entre os 18 e os 64 anos residentes em Portugal Continental. Este estudo resulta de um questionário estruturado, constituído por perguntas fechadas, desenvolvidas pela Medicare e revistas pela Marktest.
A Medicare
Com mais de 15 anos de experiência no mercado português, a Medicare democratizou o acesso à saúde privada para milhões de famílias. Empresa de capitais 100% portugueses, é líder na comercialização de Planos de Saúde com mais de 1 milhão e 400 mil clientes. Mais informações em medicare.pt
Leia Também: (Des)construir a saúde mental: "Todos acham coisas, mas poucos sabem"