Procurar

(Des)construir a saúde mental: "Todos acham coisas, mas poucos sabem"

As doenças do foro psicológico continuam a afetar o desempenho de atividades simples do dia a dia. No dia Mundial da Saúde Mental, a psicóloga Margarida Gaspar de Matos ajuda a desmistificar o tema, que diz ainda ser 'tabu' em muitas escolas e locais de trabalho.

(Des)construir a saúde mental: "Todos acham coisas, mas poucos sabem"

© Shutterstock

Inês Monteiro
10/10/2025 09:15 ‧ há 7 horas por Inês Monteiro

Lifestyle

Saúde mental

A psicóloga Margarida Gaspar de Matos, juntamente com outras profissionais, idealizou a coleção 'A Arte de Viver no século XXI' que ajuda famílias, profissionais e os mais novos a entenderem como podem promover a sua saúde mental e bem-estar, interpretando e compreendendo de que modo os nossos comportamentos, emoções e pensamentos nos afetam e como os outros e os nossos contextos de vida "podem facilitar ou intoxicar o nosso bem-estar e a nossa saúde física e mental". 

 

A saúde mental foi durante muitos anos um tema tabu, mas, para a psicóloga Margarida Gaspar de Matos, a pandemia representou um ponto de viragem. Ainda assim, a especialista refere que continuamos a desconhecer as influências externas que moldam a nossa saúde mental.

O facto de não sabermos identificar "quem ou o quê" que representa uma maior sobrecarga emocional permite que continuemos a carregar essa angústia.

Em conversa com o Notícias ao Minuto, a psicóloga faz ainda referência à desinformação associada à saúde mental. Explica, inclusive, que a literacia em saúde mental é muito baixa – "todos acham coisas, mas poucos sabem do que falam".

A psicóloga destaca que apesar de pouco compreendermos este tema, ele está muito presente no dia a dia, desde que saímos para ir para a escola ou para o trabalho, até ao momento em que voltamos a casa.

Margarida Matos sublinha que temos de saber escolher as causas que valem mesmo a pena. "Nesse caso, se os nossos recursos forem fracos, é necessário procurar ajuda e aumentar o nosso suporte social ou até mesmo profissional".

Leia abaixo a entrevista, publicada na data em que se assinala o Dia Mundial da Saúde Mental.

Na vida não temos de' ir a todas'. Temos de escolher os nossos desafios para não nos desgastarmos em lutas para as quais não temos recursos, nem em adversidades que não nos são verdadeiramente importantes

Que impacto tem o ambiente familiar e o ambiente de trabalho no nosso dia a dia?

Tanto a família como o nosso local de trabalho podem ser fontes de muita satisfação, apoio, conforto, bem-estar e realização pessoal. Porém, também podem ter uma ação contrária e ser, portanto, uma fonte de enorme stress, tristeza, ansiedade, conflito e toxicidade. Para além do apoio às pessoas, conseguirmos tornar os ecossistemas familiares e laborais ou escolares mais amigáveis é uma excelente estratégia de promoção da saúde mental.

Qual a importância de ambientes de trabalho saudáveis?

Um ambiente de trabalho saudável faz-se, sobretudo, com uma mudança de cultura organizacional, permitindo aos trabalhadores ou aos estudantes uma perceção de pertença, de coesão social, de participação efetiva na vida da instituição e de valorização pessoal e profissional. A relação com os colegas de trabalho, a perceção da qualidade das lideranças e o equilíbrio família-trabalho e trabalho-lazer são da maior importância, bem como a segurança no trabalho/na escola. A pobreza e a insegurança laboral ou escolar são verdadeiros atentados ao nosso bem-estar e à nossa saúde física e mental, clarifica a psicóloga.

De que forma nos afetam as pessoas que nos rodeiam? 

Há pessoas especialmente presentes ou especialmente ausentes, mas a sua presença nem sempre é sinonimo de “apoio e companhia”. Há pessoas presentes e tóxicas, que nos tiram energia e confiança e nos brindam com hostilidade, muitas vezes disfarçada de simpatia. As relações interpessoais são dos fatores mais relevantes no nosso bem-estar, quer pela positiva (dando companhia, afeto, cumplicidade, compreensão, etc.) quer pela negativa (enchendo-nos de dúvidas, de insegurança, de receio, de desconfiança. etc.).

Como devemos lidar com situações que prejudicam, de alguma forma, a nossa saúde mental? Cortar o mal pela raiz ou enfrentá-lo?

Às vezes é preciso ir à luta, noutras situações é preciso ir embora e afastarmo-nos. É necessário entendermos até que ponto é que o assunto é importante para algo que valorizamos na vida e até que ponto é que a nossa 'balança interna' nos diz que temos recursos pessoais ou sociais para enfrentar 'o mal'. 

Leia Também: Sete conselhos para ter a tecnologia ao serviço do seu bem-estar

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com

Recomendados para si

Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

IMPLICA EM ACEITAÇÃO DOS TERMOS & CONDIÇÕES E POLÍTICA DE PRIVACIDADE

Mais lidas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10