Comprimidos para dormir: Uma nova esperança contra o Alzheimer?

Cientistas descobriram que o uso de comprimidos para dormir pode reduzir a acumulação de proteínas tóxicas no cérebro, potencialmente diminuindo o risco de Alzheimer. Este estudo, publicado no Annals of Neurology em 2023, abre novas possibilidades para a prevenção da doença.

comprimido para dormir

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Mariana Moniz
11/07/2025 07:01 ‧ há 5 horas por Mariana Moniz

Lifestyle

Alzheimer

Ainda há muito que não se sabe sobre a doença de Alzheimer, mas a ligação entre sono de má qualidade e agravamento da doença é algo que os investigadores estão a explorar cada vez mais.

 

Num estudo publicado no Annals of Neurology, em 2023, cientistas descobriram que tomar comprimidos para dormir pode reduzir a acumulação de aglomerados tóxicos de proteínas no fluido que limpa o cérebro todas as noites.

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Investigadores da Universidade de Washington, em St. Louis, descobriram que pessoas que tomaram suvorexant, um tratamento comum para insónia, durante duas noites numa clínica do sono, experimentaram uma leve queda de duas proteínas - a beta-amiloide e tau - que se acumulam na doença de Alzheimer.

Embora curto e envolvendo um pequeno grupo de adultos saudáveis, o estudo é uma demonstração interessante da ligação entre o sono e os marcadores moleculares da doença de Alzheimer.

Distúrbios do sono podem ser um sinal precoce da doença de Alzheimer, precedendo outros sintomas, como perda de memória e declínio cognitivo. E quando os primeiros sintomas se desenvolvem, os níveis anormais de beta-amiloide estão quase no pico, formando placas que obstruem as células cerebrais.

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Os investigadores acreditam que promover o sono pode ser uma maneira de evitar a doença de Alzheimer, permitindo que o cérebro adormecido se livre das proteínas restantes e de outros resíduos do dia.

Embora comprimidos para dormir possam ajudar nesse sentido, "é prematuro para pessoas preocupadas em desenvolver Alzheimer interpretarem isso como um motivo para começar a tomar suvorexant todas as noites", informou, citado pelo Science Alert, o neurologista Brendan Lucey, do Centro de Medicina do Sono da Universidade de Washington, que liderou a investigação.

O estudo durou apenas duas noites e envolveu 38 participantes de meia-idade que não mostraram sinais de comprometimento cognitivo e não tiveram problemas de sono.

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"Tomar comprimidos para dormir por períodos prolongados também não é uma solução ideal para quem tem pouco sono, pois é muito fácil tornar-se dependente deles", acrescentou.

Os comprimidos para dormir também podem induzir as pessoas a períodos de sono mais superficiais, ao invés de fases de sono profundo. Isso pode ser problemático, visto que estudos anteriores encontraram uma ligação entre sono de ondas lentas de menor qualidade e níveis elevados de emaranhados tau e proteína beta-amiloide.

No seu estudo mais recente, Lucey e os seus colegas quiserem verificar se a melhoria do sono com o auxílio dos comprimidos para dormir poderia reduzir os níveis de tau e beta-amiloide no líquido cefalorraquidiano que envolve o cérebro e a medula espinhal. Estudos anteriores mostram que mesmo uma única noite de sono interrompido pode elevar os níveis de beta-amiloide.

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Um grupo de voluntários com idades entre os 45 e os 65 anos recebeu uma de duas doses de suvorexant ou uma comprimido de placebo. Uma hora depois, os investigadores recolheram uma pequena amostra do líquido cefalorraquidiano.

Os cientistas continuaram a colher amostras a cada duas horas durante 36, enquanto os participantes dormiam e durante o dia e a noite seguintes para medir como os níveis de proteína mudaram.

Não houve diferenças no sono entre os grupos e, ainda assim, as concentrações de beta-amiloide foram reduzidas entre 10 e 20 por cento com uma dose de suvorexant geralmente prescrita para insónia, em comparação com o placebo.

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A dose mais alta de suvorexante também reduziu momentaneamente os níveis de tau hiperfosforilada, uma forma modificada da proteína tau ligada à formação de emaranhados de tau e morte celular.

No entanto, esse efeito só foi observado com algumas formas de tau, e as concentrações de tau voltaram a aumentar dentro de 24 horas após a ingestão do comprimido para dormir.

"Se puder reduzir a fosforilação da proteína tau, potencialmente haverá menos formação de emaranhados e menos morte neuronal", explicou Lucey, ainda esperançoso de que estudos futuros em adultos mais velhos testando comprimidos para dormir possam medir um efeito duradouro nos níveis de proteína (observando sempre quaisquer desvantagens desses comprimidos).

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