Há um reconhecimento crescente de que interromper o uso de antidepressivos - especialmente após o uso prolongado - pode causar sintomas de abstinência graves e, às vezes, debilitantes. Agora, é reconhecido pelo governo do Reino Unido como um problema de saúde pública.
Um dos principais motivos pelos quais esse problema levou décadas para ser reconhecido após o lançamento dos antidepressivos modernos no mercado é porque as diretrizes médicas, como as produzidas pelo Nice (Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Cuidados de Inglaterra), declararam durante muitos anos que os efeitos da abstinência eram "breves e leves" .
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Esta descrição foi baseada em estudos conduzidos por empresas farmacêuticas, nos quais as pessoas tomaram o medicamento por apenas oito a 12 semanas. Como resultado, quando os pacientes apresentaram sintomas graves e duradouros, muitos médicos não os levaram a sério, pois essas experiências contradiziam o que as diretrizes os levavam a esperar.
"A nossa recente investigação ajuda a explicar essa discrepância", começou por explicar o psiquiatra Mark Horowitz, citado pelo Science Alert. "Encontrámos uma ligação clara entre a duração do uso de antidepressivos e a probabilidade de apresentar sintomas de abstinência - e a gravidade desses sintomas".
A equipa avaliou pacientes do NHS e descobriu que pessoas que usaram antidepressivos durante mais de dois anos tinham dez vezes mais probabilidade de ter efeitos de abstinência, cinco vezes mais probabilidade de esses efeitos serem graves e 18 vezes mais probabilidade de serem duradouros, em comparação com aquelas que tomaram os medicamentos ao longo de seis meses ou menos.
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Para pacientes que usaram antidepressivos por menos de seis meses, os sintomas de abstinência foram, na sua maioria, leves e breves. Três quartos relataram sintomas leves ou inexistentes, a maioria dos quais durou menos de quatro semanas.
Apenas um em cada quatro desses pacientes não conseguiu parar quando queria. No entanto, entre os utilizadores de longa data (mais de dois anos), dois terços relataram efeitos de abstinência moderados ou graves, com um quarto a relatar efeitos de abstinência graves.
Quase um terço dos usuários de longa data relataram sintomas que duraram mais de três meses. Quatro quintos desses pacientes não conseguiram parar de tomar antidepressivos, apesar de tentarem.
Cerca de 2 milhões de pessoas que tomam antidepressivos em Inglaterra tomam-nos há mais de cinco anos, de acordo com uma investigação da BBC. E nos EUA, pelo menos 25 milhões de pessoas tomam antidepressivos há mais de cinco anos. O que acontece com as pessoas em estudos de oito a 12 semanas é muito diferente do que acontece com milhões de pessoas quando param de tomar.
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"O calor gera ansiedade, provoca cancelamentos de consultas que podem ser prejudiciais, gera mais solidão...", realçou à agência France-Presse (AFP) o psiquiatra Bernard Granger, que trabalha no Hospital Cochin, em Paris.
Lusa | 07:26 - 03/07/2025
