Qual a importância da microbiota intestinal na nossa saúde digestiva?

Esta sexta-feira, 27 de junho, assinala-se o Dia Mundial do Microbioma. No âmbito desta efeméride, a nutricionista, investigadora e professora catedrática da NOVA Medical School, Conceição Calhau, assina um artigo no qual explica a importância da microbiota intestinal na prevenção e tratamento de doenças.

microbioma; intestino

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Notícias ao Minuto
27/06/2025 13:00 ‧ há 4 horas por Notícias ao Minuto

Lifestyle

Dia Mundial do Microbioma

No âmbito do Dia Mundial do Microbioma, que se assinala esta sexta-feira, 27 de junho, a nutricionista, investigadora e professora catedrática da NOVA Medical School, Conceição Calhau, reforça a importância da microbiota intestinal na prevenção e tratamento de doenças.

 

Num artigo enviado ao Lifestyle ao Minuto a nutricionista começa por explicar que, nos últimos 20 anos, a saúde intestinal tem vindo a ocupar um lugar de destaque na esfera científica e médica.

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Conceição Calhau destaca o microbiota intestinal como um órgão metabólico, endócrino e neuroendócrino importante na manutenção da saúde metabólica e imunológica.

Notícias ao Minuto Conceição Calhau© Nutricionista e professora da NOVA Medical School  

Temos mais genes e células de origem microbiana do que de origem humana. Os genes humanos não mudam ao longo da vida, já os genes de origem microbiana, sim. A espécie humana evoluiu o que estes microorganismos nos permitiram progredir enquanto espécie. 

A evolução deste conhecimento científico e médico, com aplicação clínica, coloca de parte a visão de patogenicidade associada às bactérias (noção de que todo o 'bicho' é mau). 

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Podemos distinguir três esferas do microbiota. Primeiramente, é responsável pela síntese de vitaminas, como vitamina K, folato, vitamina D, entre outras.

Depois, exerce funções digestivas, resultando uma sintonia entre as funções das enzimas digestivas que são produzidas pelas células do aparelho digestivo, as humanas, e as enzimas que são de origem bacteriana. 

Ao referir esta segunda função, fica muito claro que alterações na composição deste ecossistema microbiano provavelmente terão impacto no processo digestivo, com falhas, o que pode levar a processos.

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Por último, exerce funções de regulação da expressão de genes como, por exemplo, estimulam que células do intestino produzam GLP1 ou mesmo genes relacionados com a permeabilidade intestinal, e ainda função do sistema imunitário. 

A imunotolerância que deve ser desenvolvida nos primeiros anos de vida, desenvolve-se muito à custa de um microbiota intestinal competente: o sistema imunológico, para a nossa defesa, deve saber reconhecer o que 'é do próprio', o que 'não é do próprio', e deste, o que é uma ameaça, e o que não é uma ameaça. Aliás, se há compromisso do desenvolvimento desta imunotolerância, podemos ter aqui uma relação com asma, dermatite atópica ou mesmo doenças autoimunes da vida adulta. 

É particularmente fascinante o papel do microbiota intestinal na regulação do peso. Seja ao nível do controlo do apetite, atingir ou não a saciedade, como também se deve ao microbiota intestinal muitas das 'decisões' de prioridade metabólica, ou seja, se teremos mais ou menos estimulada a acumulação de gordura. 

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Desde o nosso nascimento, até à fase em que começamos a fazer diversificação alimentar, o microbiota vai passando por transições, muito dependentes da idade gestacional da nossa mãe, do tipo de parto (cesariana ou vaginal) e se alimentados com leite materno ou de fórmula. Nesta fase as diferenças interindividuais são grandes, mas aos 2/3 anos de vida, o microbiota atinge a sua composição de base, e as diferenças são menores. 

Ainda na infância, a vida urbana ou rural, com ou sem animais domésticos, com ou sem exposição a antibióticos e o tipo de alimentação praticada, têm impacto na forma como o microbiota é moldado. Outros fatores que se fazem sentir ao longo da vida, como o exercício físico (ou a falta dele), a alimentação, o stresse e alguma da medicação que tomamos, também têm impacto no nosso microbiota.

Todo este conhecimento sublinha a importância do papel modulador que a dieta, e em particular os prebióticos (ingredientes ou alimentos que estimulam o crescimento e atividade das bactérias boas) e os probióticos (microrganismos que auxiliam na digestão e protegem o organismo contra as bactérias nocivas) podem exercer de benéfico neste contexto.

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A disbiose é um desequilíbrio do microbiota intestinal em que existe alteração na quantidade e na distribuição de bactérias no intestino que, por sua vez, pode provocar doenças como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares ou autismo.

Em suma, alterar a comunidade do nosso microbiota intestinal, através de prebióticos, probióticos, antibióticos, ou até mesmo, através do transplante de microbiota fecal, poderá ser uma esperança no tratamento de diversas doenças.

Importa, assim, fazer o diagnóstico correto. Tudo se relaciona e isto faz-nos refletir como o microbiota intestinal é negligenciado. Relacionar o microbioma com os mecanismos das doenças, numa visão mais holística, poderá ajudar na prevenção ou tratamento das principais causas de morte da atualidade.

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