É mais difícil fazer amizades depois dos 30? Falámos com uma psicóloga

Teresa Feijão responde à pergunta.

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Sofia Robert
26/05/2025 08:32 ‧ há 3 dias por Sofia Robert

Lifestyle

Amizade

Se tem mais de 30 anos, é muito provável que os relacionamentos que mantém já durem há uns anos. Com as dinâmicas da vida adulta, dos filhos à carreira e à preocupação com os familiares mais velhos, o tempo escasseia e, muitas vezes, as relações que mais acabam por sofrer são as amizades.

 

A falta de tempo reflete-se na dificuldade em gerir a agenda para estar com toda a gente e, ainda mais, em conhecer novas pessoas.

Falámos com a psicóloga clínica Teresa Feijão que nos explicou os desafios dos relacionamentos depois dos 30 anos, do que ter em atenção nas redes sociais e aplicações, e das melhores formas de conhecer pessoas quando procuramos novas amizades ou relações amorosas.

É realmente mais difícil fazer novas amizades depois dos 30 anos?

Com o passar dos anos, muitos adultos se apercebem que fazer novas amizades ou iniciar relacionamentos amorosos já não acontece com a mesma naturalidade da juventude, o que é normal. A vida adulta traz rotinas mais exigentes, menos tempo livre e uma maior exigência e seletividade naquilo que procuramos nas relações, o que pode ser bom, mas também limitar oportunidades.

A manutenção de amizades exige disponibilidade, escuta e investimento mútuo.

E manter as que existem?

Também pode ser um desafio. As prioridades mudam (trabalho, filhos, relações amorosas) e o tempo livre é mais escasso. A manutenção de amizades exige disponibilidade, escuta e investimento mútuo — marcar encontros, enviar mensagens, estar presente mesmo que à distância. E com carreiras, famílias e mudanças geográficas, manter as relações requer intencionalidade.

Por que razões?

Podem ser várias: falta de tempo e energia emocional, prioridades diferentes (por exemplo, maternidade, trabalho intenso, mudanças de valores e/ou  interesses); cansaço social.

Considera que o mesmo acontece quando falamos de relações amorosas?

Sim, por motivos semelhantes. Mas aqui soma-se o histórico emocional — medos, desilusões, padrões cristalizados. Há também maior consciência do que se quer (ou não quer), o que pode tornar o processo mais lento e difícil.

E quanto às relações familiares, tendem a melhorar com a maturidade, ou a vida agitada que muitos levam conduz a um maior afastamento?

Depende. Em alguns casos, a maturidade leva a mais empatia, perdão e compreensão. Noutros casos, o ritmo acelerado e a distância emocional ou física podem causar, tendencialmente, afastamento. O ideal é haver espaço para reaproximações intencionais, mesmo que em novos formatos.

Notícias ao Minuto © Teresa Feijão

Quais são as melhores formas para conhecer novas pessoas, quando procuramos amizades ou relacionamentos amorosos? Podemos inscrever-nos numa nova atividade, por exemplo, e que mais?

Sim, uma das formas é inscrever-se em atividades que envolvam: aulas (em várias áreas), voluntariado, clubes de leitura ou caminhadas/corridas em grupo, por exemplo.

Outras formas podem ser participar em eventos culturais ou comunitários; aplicações e plataformas (com critério e segurança); indicações de amigos — ou eventualmente pedir para ser apresentado; ambientes profissionais (com os devidos limites); grupos de desenvolvimento pessoal, os quais podem levar a laços profundos.

E agora pergunto-lhe em relação à disponibilidade mental e emocional. Devemos ter em conta algumas características em termos pessoais no que toca aos encontros sociais?

É fundamental, antes de procurar, refletir:

  • Estou disponível para escutar e ser escutado?
  • Estou receptivo à vulnerabilidade que as relações exigem?
  • Que tipo de ligação realmente desejo?
  • Tenho expectativas irreais ou medo da rejeição?

A autoconsciência destas questões ajuda a tornar os encontros mais genuínos e saudáveis e a definir limites.

Conhecer pessoalmente envolve mais espontaneidade, maior investimento na comunicação não verbal e uma sensação mais imediata de conexão.

Que diferenças encontra entre conhecer novas pessoas pessoalmente e através das redes sociais?

Conhecer pessoalmente envolve mais espontaneidade, maior investimento na comunicação não verbal e uma sensação mais imediata de conexão. Digitalmente, permite um maior alcance de pessoas, mas também mais controlo da autoimagem. Pode haver mais mal-entendidos, idealizações e mentiras. A precaução tem que ser, necessariamente, redobrada.

A que devemos estar atentos no meio digital?

À coerência entre discurso e atitudes; a eventuais mentiras e omissões; à disponibilidade emocional real (não só por mensagens esporádicas); a sinais de desrespeito ou manipulação; à criação de expectativas muito rápidas, intensas e irrealistas; e à autenticidade.

Leia Também: Jovens podem sofrer mais com os efeitos do 'ghosting' e do 'gaslighting'

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