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Fio dentário nas crianças, sim ou não? E elixir? Falámos com uma dentista

Teresa Vale, dentista e professora auxiliar no Instituto Universitário de Ciências da Saúde, da CESPU, revela os cuidados de saúde oral que deve ter com os mais pequenos. Desde as primeiras idas ao médico às escovas a usar, saiba tudo.

Fio dentário nas crianças, sim ou não? E elixir? Falámos com uma dentista

Mesmo antes do aparecimento dos primeiros dentes, os bebés devem ir ao dentista. Parece algo contraditório, mas existe o risco de algumas doenças e pode ser importante acompanhar as alterações anatómicas. E em relação ao fio dentário, quando devem começar a usar? E os elixires, é algo que pode ser benéfico?

Neste Dia Mundial da Saúde Oral, que se assinala esta quarta-feira, o Lifestyle ao Minuto falou com a dentista Teresa Vale, também professora auxiliar no Instituto Universitário de Ciências da Saúde, da CESPU, e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Odontopediatria,  sobre os cuidados que deve ter com os dentes e gengivas dos mais novos.

As consultas de medicina dentária são importantes para auxílio na prevenção de certas doenças, como por exemplo, a candidíase oral, e para despistar certas alterações anatómicas que podem comprometer o sucesso da amamentação”, começa por dizer.  Já no caso do fio dentário, é algo que “deve ser utilizado a partir do momento em que a dentição temporária está completamente erupcionada.”   

Notícias ao Minuto Teresa Vale é também vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Odontopediatria © Instituto Superior de Ciências da Saúde-Norte  

Os dados do Barómetro da Saúde Oral 2023, da Ordem dos Médicos Dentistas, mostram que mais de metade das crianças até aos seis anos nunca foram ao dentista. É um dado preocupante?

É um dado muito preocupante. Significa que mais de metade das crianças em fase de dentição temporária nunca tiveram uma consulta de medicina dentária. A dentição temporária, pelas suas características anatómicas, é mais suscetível a lesões de cárie, e de maior gravidade. As consultas de medicina dentária na primeira infância são muito importantes, no sentido de prevenir a cárie precoce da infância e as doenças periodontais, nomeadamente a gengivite, de prevalência significativa nesta faixa etária.

Após o nascimento do primeiro dente, as crianças devem seguir uma alimentação saudável, com restrição de alimentos ricos em açúcar, principalmente entre as refeiçõesQuando é que as crianças devem começar a ir ao dentista?

Considero que a primeira consulta deve ser na fase pré-natal. A gestante deve receber orientações de como cuidar da saúde oral do seu futuro bebé e de receber informação sobre a transmissão vertical de doenças. Mas, considerando o pós-natal, aconselha-se uma primeira consulta durante o primeiro mês de vida, para avaliação de aspetos relacionados com a amamentação, avaliação do freio lingual e higiene oral. Posteriormente, uma consulta no momento da erupção dos primeiros dentes temporários, que em grande parte dos casos coincide com o término da amamentação exclusiva preconizada pela Organização Mundial de Saúde até aos seis meses e o início da fase de diversificação alimentar.

Depois, com que regularidade deve ser feita esta visita?

Deverá previamente ser realizada uma avaliação de risco de cárie. Desta forma, a regularidade de consultas deverá ser de seis em seis meses para crianças de baixo risco e de três em três meses para crianças de alto risco.

É algo que deve ser feito mesmo antes do aparecimento dos primeiros dentes?

As consultas de medicina dentária são importantes para auxílio na prevenção de certas doenças, como por exemplo, a candidíase oral, e para despistar certas alterações anatómicas que podem comprometer o sucesso da amamentação e, consequentemente, ter repercussões ao nível do desenvolvimento orofacial.  

Leia Também: Saúde oral sénior. 10 perguntas e respostas

E em relação aos hábitos de saúde oral, quando é que uma criança deve começar? E o que deve fazer?

Deve começar desde o nascimento. Sempre que possível, proporcionar amamentação materna em exclusivo até aos seis meses, quando necessário recorrer a biberões e chupetas, que devem ser adequados e utilizados de forma racional. Após o nascimento do primeiro dente e após a diversificação alimentar, seguir uma alimentação saudável, com restrição de alimentos ricos em açúcar, principalmente entre as refeições. Adquirir hábitos regulares de boa higiene oral, com escovagem dentária no mínimo duas vezes por dia, sendo a principal antes dormir.

Mesmo sem dentes, devem lavar-se as gengivas às crianças? Como fazer essa higiene?

Apesar de, na literatura, ser um assunto controverso, considero que deve realizar-se a higiene oral mesmo antes da erupção dos dentes, para prevenir o aparecimento de candidíase oral e também para promover a aquisição deste hábito. A gengiva e a língua devem ser higienizadas no mínimo uma vez por dia, no período noturno, considerado antes de dormir para que comece a existir esse hábito. Recomenda-se a utilização de uma compressa, uma dedeira em silicone ou uma escova macia adequada a esta faixa etária.

Em que momento as crianças devem começar a aprender a lavar os dentes sozinhas?

A higiene oral deve ser supervisionada pelos pais ou educadores até que a criança tenha destreza manual para fazê-lo sozinha, o que se considera quando consegue apertar atacadores ou escrever o seu nome em linha direita. Mas, como é obvio, deve ser encorajada a desenvolver a destreza manual de realizar a escovagem dentária sozinha. Existem reveladores de placa bacteriana que facilitam a visualização da eficácia da escovagem, quer para os pais e educadores, quer para a própria criança.

Quais são os principais erros que as crianças podem cometer nesta escovagem autónoma?

A escovagem dentária autónoma sem supervisão na primeira fase infância pode ocasionar uma remoção incorreta de placa bacteriana, e como consequência um aumento do risco de cárie precoce da infância e inflamação gengival. 

Ao longo do crescimento, a criança deve ser encorajada a adquirir o hábito de utilização do fio dentárioQue tipo de escova devem usar em diferentes fases até serem adolescentes?

Atualmente, são comercializadas várias e boas opções de escovas dentárias. Na generalidade devem ser adequadas ao tamanho da cavidade oral para as diferentes fases de crescimento. Assim, as escovas devem ter a cabeça pequena e cerdas macias. Nos bebés, ter o cuidado de escolher escovas ergonomicamente seguras.

E há diferença no tipo de pasta que deve ser usado ao longo do crescimento?

Sim, na fase de dentição temporária, a pasta dentífrica deve ter cerca de 1000ppm de flúor. A partir da erupção do primeiro dente permanente, ou seja, na fase de dentição mista e posteriormente na dentição permanente, de ser utilizada uma pasta dentífrica que contenha 1450ppm de flúor. Outras formulações podem ser recomendadas pelo médico dentista em situações específicas.

E em relação ao fio dentário, em que altura deve começar a ser usado?

O fio dentário deve ser utilizado a partir do momento em que a dentição temporária está completamente erupcionada, de forma a higienizar as superfícies de contacto, principalmente entre os molares. Claro que, este meio auxiliar de higiene oral, deve ser utilizado com a supervisão de um adulto. Gradualmente, ao longo do crescimento, a criança também deve ser encorajada a desenvolver destreza manual e a adquirir o hábito de utilização do fio dentário.

E no que diz respeito aos elixires, também devem fazer parte da higiene oral? Em que altura começar?

Os elixires também podem fazer parte da higiene oral desde que sejam recomendados pelo médico dentista. A ser necessário, devem ser prescritos quando a criança consegue utilizá-los com segurança, ou seja, sem os deglutir.

Leia Também: Dentes e gengivas sempre saudáveis? O melhor é seguir estes oito hábitos

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