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Viver com leucemia. "É um teste e o resultado é a vida ou a morte"

Esta quinta-feira, 21 de abril, assinala-se o Dia Mundial de Sensibilização para a Leucemia Mieloide Aguda, para chamar a atenção para a doença e para todos os que sofrem com ela. Rui Manuel da Silva Abreu dá o seu testemunho.

Viver com leucemia. "É um teste e o resultado é a vida ou a morte"

Estima-se que em Portugal todos os anos sejam diagnosticados 190 novos casos de Leucemia Mieloide Aguda (LMA), um cancro raro e altamente agressivo do sangue e da medula óssea, que interfere no desenvolvimento de células sanguíneas saudáveis. Os dados são da biofarmacêutica AbbVie, que aponta para um prognóstico muito sombrio. E os números não mentem: somente dois em cada 10 doentes com LMA acima dos 70 anos alcançam os dois anos de sobrevivência.

No dia em que o mundo celebra a luta contra a LMA, Rui Manuel da Silva Abreu, a quem foi diagnosticada a doença aos 39 anos, diz que desde os sinais de alerta até ao diagnóstico "foi tudo muito rápido". "Cerca de cinco dias", recorda, em entrevista ao Lifestyle ao Minuto. "Comecei por ver uma nódoa amarela no braço após uma ida ao ginásio. Estranhei, mas não dei importância. No dia seguinte fui andar de bicicleta com a minha esposa e foi ela que reparou que eu estava com a parte de trás do joelho muito vermelho e com umas manchas lilás."

Nessa altura, ficou desconfiado de que algo poderia não estar bem. "Ficámos ambos apreensivos. No fundo, sabíamos que não era normal, mas não queríamos preocupar o outro, até porque eu tinha uns exames de rotina marcados para a semana seguinte." Mas esse era apenas o início da maratona que tinha pela frente.

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Apesar das suspeitas, o casal regressou a casa, mas a situação de Rui viria a agravar-se e as suspeitas de doença eram cada vez mais fortes. Dois dias depois, uma das suas mãos está coberta de nódoas negras e foi aí que decidiu que iria ao hospital procurar solução para os seus sintomas. As análises ao sangue confirmaram a notícia que ninguém gosta de receber: era leucemia.

Rui recebeu ordens para parar imediatamente. Tirou baixa médica e o que se seguiu foi um turbilhão de emoções difícil de controlar. Por um lado, "o medo pelo futuro" e, por outro, "a tristeza pela dor infligida à minha família", diz. No entanto, esta não é a primeira vez que a vida lhe prega uma rasteira. O pai faleceu com um tumor pulmonar e a mãe venceu a batalha contra o cancro da mama. 

Depois do susto inicial, não lhe restaram dúvidas sobre qual seria o melhor caminho a seguir. Rui decidiu que não se iria entregar à doença. "A minha postura foi a de um aluno dedicado que tenta absorver o máximo de informação sobre a doença e sobre o tratamento", explica. "É quase como se fosse um teste e o resultado é a vida ou a morte". E "eu sempre acreditei que o resultado seria a vida". 

A família e toda a rede de suporte foram fundamentais para ultrapassar as angústias próprias de quem recebe um diagnóstico destes. Preocupavam-no as dores e o mal-estar consequentes dos tratamentos a que se iria submeter, mas Rui lembra que teve apoio emocional desde o início da doença. "A forma como o diagnóstico me foi apresentado pela médica da urgência do Hospital de Guimarães foi muito carinhosa e verdadeira. Explicou-me do que se tratava a doença e imediatamente pegou nos aspetos positivos que estavam a meu favor, como a idade e a minha fisionomia", lembra.

Não esconde, no entanto, que a vida mudou radicalmente. Rui adora praticar desporto, mas as limitações físicas que a doença lhe impõe obrigaram-no a parar. Hoje em dia, apenas corre em busca da cura que lhe devolva a saúde Tudo lhe parece um pequeno luxo e ainda estranha a imagem que vê refletida no espelho. "Deixei de ser um ser humano saudável desportista e forte e passei a ser um doente muito frágil com cuidados com o sol, com os produtos de higiene que uso, com a alimentação, com o tipo de água que bebo e com o mínimo de contacto social", explica. 

O mais difícil até agora, confessa, "foi estar afastado de quem amo durante trinta dias e ver a festa de aniversário da minha filha por videochamada". No início de cada ciclo também "era muito custoso". "Sentia sempre muitos enjoos e dores de cabeça."

Rui enfrenta um longo tratamento à base de dois fármacos - tretinoína e trióxido de arsênio. Começou por estar internado durante um mês para sessões diárias de quimioterapia. Mais tarde, regressou a casa para uma segunda fase, dividida por quatro ciclos, com intervalos de quatro semanas entre cada um. Tem de deslocar-se ao hospital cinco dias por semana para três horas de quimioterapia.

Neste momento, está em remissão completa da doença e, segundo a médica que o acompanha, tem de ser vigiado clínica e analiticamente. Aos poucos, a esperança reacende-se. A sua leucemia é de bom prognóstico, o que significa que o risco de recaída é pequeno.

Leia Também: Novas abordagens da Leucemia Mieloide Aguda versam células alteradas

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